Chalamet e Elle: para passar o tempo.
Em 2018 no auge das manifestações contra os casos de assédio em Hollywood o passado do cineasta Woody Allen voltou ao debate. Não que haja denúncias de assédio em seus filmes, mas em seu comportamento familiar junto aos filhos do casamento com Mia Farrow (o que torna ainda mais assustador). Ao fato somou-se a notícia de que em seu novo filme um cineasta se apaixonava por uma estudante menor de idade. O filme em questão era esta Um Dia de Chuva em Nova York (ainda estou procurando onde o relato descrito anteriormente foi parar na trama), houve tanto protesto em torno de Woody que a Amazon engavetou o filme pronto e cancelou o contrato para produzir os próximos três filmes do cineasta (que moveu um processo milionário contra a empresa). Caído no limbo, o filme estreou no Brasil em novembro do ano passado, teve distribuição em países europeus, na América Latina e no oriente, mas permanece sem previsão de estreia nos Estados Unidos - reacendendo o debate sobre até que ponto a obra de um artista deve pagar por sua vida pessoal (além de dividir atores que o defendem e os que o repudiaram). Fosse um filme melhor, Um Dia de Chuva em Nova York poderia nos lembrar quantos filmes inesquecíveis o diretor já realizou, mas aqui ele apenas preenche aquela lacuna de "filme do ano", já que criou para si a obrigação de lançar uma produção anualmente (no caso, 2018 deixou uma lacuna em sua cinematografia que seguia ininterrupta desde 1982). Em todo este trajeto houve filmes geniais e outros nem tanto, este aqui se enquadra na segunda categoria (aliás ele não cria um grande filme desde Blue Jasmine/2013). O ponto de partida é despretensioso, segue um jovem casal universitário formado por Gatsby (Thimothée Chalamet) e Ashleigh (Elle Fanning) por um dia pela famosa cidade quando Ash, estudante de jornalimo, está prestes a fazer uma entrevista com um dos seus cineastas favoritos para o jornal da facudade. Ele é o cultuado Rolland Pollard (vivido por Liev Schreiber - que não sei porque o nome do personagem me lembra Roman Polanski, outro envolvido em denúncias de abuso sexual) que está prestes a lançar seu novo filme. Enquanto Ashleigh se envolve em vários acontecimentos após a entrevista (incluindo o sumiço de Rolland), seu namorado preenche o tempo encontrando antigos conhecidos - incluindo a irmã de uma ex-namorada, Chan (Selena Gomez). O casal se desencontra a maior parte do tempo, vivendo momentos que eles nem se dão conta de que estão colocando o relacionamento à prova com as tentações que a cidade reserva. Entre diálogos nervosos (e pouco engraçados), boa fotografia e infinitas participações especiais, o filme caminha para o seu final sem empolgar. A trama caminha sem ter para onde ir e termina formando um casal sem química alguma. Woody é famoso por seu trabalho com improviso, aqui é Elle Fanning que está mais à vontade, enquanto Thimothée começa imitando o típico personagem de Woody Allen (assim como o roteirista vivido por Jude Law) e Selena Gomez parece estar zangada com o papel sem graça (o que torna o desfecho até surpreendente, no pior sentido). Sem ter muito o que dizer, Um Dia de Chuva em Nova York ficará famoso mais pelas polêmicas que envolveram seu lançamento do que seus poucos predicados.
Um dia de Chuva em Nova York (A Rainny Day in New York / EUA - 2019) de Woody Allen com Thimothée Chalamet, Elle Fanning, Liev Schreiber, Jude Law, Rebecca Hall, Selena Gomez, Annaleigh Ashford e Diego Luna. ☻☻
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