Renée: retorno em grande estilo.
Em 1996 o filme indicado ao Oscar Jerry Maguire de Cameron Crowe apresentava para Hollywood uma jovem atriz candidata à estrela. Era a texana Renée Zellweger que aos 27 anos demonstrava talento, carisma e potencial ao lado de Tom Cruise. O filme abriu as portas para atriz que nos anos seguintes se consolidou como uma das atrizes mais populares do cinema americano. O Globo de Ouro por Enfermeira Betty (2000) ajudou bastante, mas foi o sucesso de O Diário de Bridget Jones (2001) que lhe rendeu a primeira indicação ao Oscar de atriz. Depois veio a indicação por Chicago (2002) e o Oscar de coadjuvante por Cold Mountain (2003) para consolidar o sucesso. Embora muito gente acusava a atriz de estar se repetindo, poucos se importavam. O problema foi quando uma sucessão de filmes esquecíveis e botox demais começaram a atrapalhar. Depois de vários fracassos de bilheteria, Renée repensou a vida e sumiu dos holofotes. Fez algumas plásticas que fizeram a glória dos sites de fofoca e ficou seis anos sem filmar. A retomada veio com O Bebê de Bridget Jones (2016), que não fez sucesso como os anteriores, mas demonstrou que a atriz estava disposta colocar a carreira nos trilhos. Portanto, o fato de cair em suas mãos a chance de interpretar Judy Garland era uma daquelas chances de ouro! Bastou o primeiro trailer de Judy: Muito Além do Arco-Íris para que seu nome já aparecesse como o nome da ser batido no Oscar. Garland é uma destas figuras míticas de Hollywood que mistura fama e drama. Estrela da era de ouro de Hollywood, começou a carreira aos sete anos e se tornou um dos rostos mais famosos do cinema - além de ter uma voz poderosa que lhe garantiu papeis importantes nos palcos e nas telas. Presente em clássicos eternos como O Mágico de Oz (1939), Nasce Uma Estrela (1954) e Julgamento em Nuremberg (1961), a década de 1960 marcou o início de seu declínio misturado aos problemas de sua vida pessoal. O filme do pouco experiente Rupert Goold (que antes dirigiu o razoável A História Verdadeira/2015) é pautado nos últimos shows da artista na Inglaterra, espetáculo que a manteve longe dos filhos menores (pela qual brigava pela guarda com o ex-marido), mas com a narrativa marcada por flashbacks que tentam explorar a complexidade de sua personalidade. Infelizmente o roteiro não tem fôlego para explorar a densidade de vários pontos da vida de Judy e se contenta a bater sempre nas mesmas teclas (a relação com a tirania dos diretores, o trabalho desde pequena, o gosto pela fama, a insegurança, a uato-estima, problemas com bebida, os casamentos complicados... o que deixa um pouco apressado entender como ela acaba se envolvendo com seu quinto esposo - que de cara gentil vira um grosseiro de uma cena para outra). A grande sorte do filme é ter Renée Zellweger transpirando talento e preenchendo as lacunas do texto. Na maior parte do tempo ela desaparece na personalidade de Judy e suas cenas de palco em nada lembram a Roxie Hart de Chicago. A voz de Renée impressiona com a carga emocional que imprime em cada cena e torna o filme bastante digno. Embora seja menos do que poderia, Judy é um filme comovente e nos faz conhecer um pouco mais de uma estrela que pagou caro pelo preço da fama. Liza Minelli (vivida aqui por Gemma-Leah Devereux em uma cena) foi uma grande crítica do filme que acusava o filme de não ser fiel à personalidade de sua mãe, independente disso, Renée marca seu retorno para Hollywood com um irresistível comeback factor regado a um um papel tão emblemático que lhe rendeu um justo Oscar de Melhor Atriz.
Judy: Muito Além do Arco-Íris (Judy / EUA - Reino Unido - França / 2019) de Rupert Goold com Renée Zellweger, Jessie Buckley, Finn Wittrock, Rufus Sewell, Michael Gambon e Andy Nyman. ☻☻☻
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