Douglas Booth: um Boy George de respeito.
Com o sucesso das cinebiografias de Freddie Mercury (Bohemian Rhapsody/2018) e Elton John (Rocketman/2019), foram anunciados outros projetos sobre astros da música que se tornaram icônicos no século XX. Assim, já comentaram sobre o preparo de um filme sobre a vida de David Bowie e Boy George. Na verdade, fiquei surpreso quando descobri nesta semana que em 2010 já foi realizado um filme sobre o vocalista do Culture Club estrelado por Douglas Booth (que viveu recentemente Nikki Sixx no filme sobre o Mötley Crüe). Feito para a televisão, a produção é bastante eficiente ao apresentar um pouco mais sobre o cantor que marcou a década de 1980 com sua androginia de maquiagem pesada e roupas exóticas cantando hits como Do You Really Want to Hurt Me e Karma Chameleon. O filme começa com o jovem George O'Dowd (Booth) tendo problemas na escola e com a família, especialmente pelo seu estilo diferente. Quando o conselheiro escolar lhe pergunta o que o diferencia, o que ele mais gosta de fazer ele é categórico: "Maquiagem". Inteligente, com língua afiada e um senso de humor agressivo, George não demora a sair de casa e tentar a vida em outros cantos. Ele acaba indo morar em prédios abandonados com outros jovens que compartilhavam o mesmo gosto por roupas e maquiagens (para desgosto de suas famílias), além de curtirem passar o tempo no Blitz, um point comandado com rabugice e vaidade por Steve Strange (Marc Warren). O lugar se tornaria a nascente das bandas de New Romantic que influenciava não só a música mas as revistas de moda dos anos 1980. O filme não desperdiça a chance de apresentar quem frequentava aquele espaço, de Billy Idol a Spandau Ballet, além de outras figuras que não se tornaram tão conhecidas. George é apresentado àquele espaço pela melhor amiga, a drag queen Marilyn (Freddie Fox) e acaba trabalhando por lá enquanto não percebe a música como um caminho. O rapaz se interessava mesmo era por moda e vivia carregando um manequim para onde fosse para ajudar na construção de seus próprios figurinos. O filme também ressalta dois romances de grande influência vida do protagonista, um deles é o cantor Kirk Brandon (Richard Madden), o outro é o baterista Jon Moss (Mathew Horn) que não só o ajuda na fundação do Culture Club com também na construção de sua identidade vocal e sonora junto à banda. Dirigido por Julian Jarrold (que depois dirigiu o ótimo A Garota/2012 para a HBO) o filme consegue reproduzir aquele mundo de visual exuberante sem esquecer as inseguranças daqueles personagens quanto ao crescimento, a carreira e a sexualidade. Douglas Booth tem ótimos momentos na pele de Boy George, curiosamente se tornando mais seguro em cena conforme seu visual fica mais elaborado - em alguns momentos eu até esquecia que era um ator em cena. Boy George - A Vida é Meu Palco (nome manjado para o original Worried About the Boy) só tropeça ao mesclar cenas de duas fases distintas do cantor. O contraste entre a efervescência dos anos 1980 e a ressaca dos anos 1990 deixa a narrativa um pouco engasgada, mas nada que estrague o programa. O Culture Club nunca foi levado muito à sério e por brigas internas acabou terminando em 1986 retornando às atividades de 1998 até 2002 e para voltar em 2011 e continuar até hoje. O resultado é um bom programa para quem já curtiu a mistura de soul, reggae e pop com o vocal emocional de Boy George.
Boy George - A Vida é meu Palco (Worried about the Boy / Reino Unido - 2010) de Julian Jarrold com Douglas Booth, Richard Madden, Matthew Horn, Freddie Fox, Frances Magee e Daniel Wallace. ☻☻☻
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