Este é o primeiro filme irlandês a disputar o Oscar de filme em língua estrangeira no Oscar. O motivo é um tanto óbvio, já que a Irlanda também tem o inglês como língua oficial, mas aqui a maioria dos diálogos são no dialeto irlandês. A Menina Silenciosa causou surpresa mesmo ao cravar a indicação pelo tom contido, que poderia ser um problema, mas quem assistiu ao filme, percebe logo que a atmosfera terna impressa pelo diretor Colm Bairéan é na verdade um trunfo em uma trama que descambaria facilmente para o melodrama. O filme conta a história de Cáit (Catherine Clinch), uma menina que é considerada estranha até pelas suas irmãs. Quieta e com gosto pelo isolamento (como a cena inicial deixa bem claro), Caít tem dificuldades para leitura e em casa ela começa a pesar nas despesas, já que a mãe (Kate Nic Chonaonaigh) está prestes a ter outro bebê e junto ao pai (Michael Patrick) decide deixar a menina com uma prima durante o verão. São três horas de viagem até que chegar na fazenda de um casal que é completamente desconhecido pela menina. No entanto, desde o primeiro momento em que Eibhlín (Carrie Crowley) e Seán (Andrew Bennett) aparecem perto da garota, fica claro o contraste no tratamento que Cáit receberá dali para frente. Enquanto seu núcleo familiar não lhe demonstra afeto, Eibhlín é o oposto. Atenciosa e carinhosa, aos poucos ela consegue deixar Cáit cada vez mais a vontade, precisando apenas um pouco mais de tempo para que Seán também se aproxime da visitante. Aos poucos a menina estará plenamente incorporada na rotina da casa e sentirá algo que até então não havia experimentado, um sentido de pertencimento carregado de afeto, ainda que aos poucos descubra o passado doloroso da casa em que se hospeda. Tocando em temas delicados e narrado sem pressa, A Menina Silenciosa prepara a plateia para um dos finais mais emocionantes dos últimos anos. É tudo tão perfeito em sua aparente simplicidade que Crowley e Bennet estão perfeitos como os primos distantes, mas é a irretocável Catherine Clinch que rouba nosso coração com seu ar melancólico de um menina que abriga em seu silêncio as sensações que talvez não saiba expressar em palavras. Cada olhar, cada gesto e palavra da atriz estreante são emocionantes (destacando até a palavra dita duas vezes por na última cena que ressalta emoções diferentes de forma muito reveladora). Com as emoções deixadas em primeiro plano, o nó na garganta é inevitável.
A Menina Silenciosa (The Quiet Girl/Irlanda - 2022) de Colm Baireán com Catherine Clinch, Carrie Crowley, Michael Patrick, Kate Nic Chonaonaigh e Joan Sheehy. ☻☻☻☻☻
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