sexta-feira, 5 de maio de 2023

PL►Y: Império da Luz

 
Michael e Olivia: a química do cinema. 

Faz um tempinho que Sam Mendes está doido para colocar outro Oscar na estante. Desde seu aclamado filme de estreia, o estupendo Beleza Americana (1999), alguns de seus filmes até caíram no radar do Oscar, mas mesmo quando chegou perto em 2021 com 1917, os prêmios foram apenas para categorias técnicas. Ano passado ele tentou novamente com Império da Luz, produção que investe em um tema recorrente da Hollywood atual: nossas memórias afetivas com o cinema. Nos últimos anos vários diretores fizeram obras que declaram amor ao cinema alcançando resultados variados,  (da aclamação de Os Fabelmans/2022 ao desprezo absoluto de Era Uma Vez em Staten Island/2021), o diferencial de Império da Luz é que ele gira em torno dos funcionários de um cinema das antigas. O Empire é uma daquelas salas enormes, que cabia centenas de pessoas, com andares diferenciados e servia para eventos dedicados às grandes estreias. Localizado de frente para o mar, sua ambientação ficava ainda melhor na Inglaterra dos anos 1980. Lá que trabalha Hilary (Olivia Colman, lembrada no Globo de Ouro), que tem um caso com o patrão (Colin Firth) e não parece muito feliz com sua vida atual. As visitas ao psiquiatra demonstram que a situação dela já está complicada faz algum tempo. Quando chega um novo funcionário, Stephen (Micheal Ward), ela demonstra interesse por ele que aos poucos se intensifica, porém, o crescimento do número de supremacistas na localidade começa a assustar e ameaçar os planos do rapaz. Império da Luz parece então que irá se tornar um romance inter-racial com verniz de crítica social, mas desvia por outros caminhos quando sua protagonista demonstra ter uma saúde mental cada vez mais fragilizada. É nesta parte que o filme ao invés de crescer, murcha. A sorte é que Olivia Colman apresenta seu talento de sempre e Micheal Ward é capaz de fazer seu personagem crescer mesmo que o roteiro faça pouco por ele. Existe uma química entre o casal de atores que faz o filme parecer melhor do que é em sua abordagem um tanto apressada de problemas sérios e que não encontram um desenvolvimento adequado. Colabora muito para o trabalho dos atores em um texto que beira o insosso é a fotografia do mestre Roger Deakins (em sua 16ª indicação ao Oscar) que emoldura aquele cinema como se fosse um cenário de sonho, mas que se contamina com a realidade com seus pombos e vidros quebrados. Essa relação do cinema como local dos sonhos frente à dura realidade também é a responsável pela falada cena de Colman assistindo Muito Além do Jardim (1979) e esquecendo suas mazelas frente ao que é projetado. Para um filme tão ambicioso, parece pouco, e realmente não é muito - mas é feito no capricho.

Império da Luz (Empire of Light / Reino Unido - EUA) de Sam Mendes com Olivia Colman, Micheal Ward, Colin Firth, Toby Jones, Tom Brooke, Tanya Moodie e Crystal Clarke. 

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