Depois de uma maré baixa como diretor pode se dizer que Ben Affleck conseguiu voltar a ter reconhecimento com Air. Este é o quinto longa dirigido pelo moço que já chegou ao auge com o Oscar de melhor filme por seu terceiro longa, o celebrado Argo/2012 - pena que logo depois desagradou com A Lei da Noite/2014, some isso ao naufrágio de sei projeto à frente do novo longa do Batman (apesar de eu gostar muito de sua concepção do homem morcego) e os últimos anos do Affleck diretor não foram fáceis. Foram nove anos até que ele lançasse Air. Apesar da bilheteria pouco acima do valor de custo, o fato de ter sido concebido para o Prime Video fez com que sua arrecadação nos cinemas se tornasse uma vitória para a produtora, além disso serviu para lembrar à Hollywood o quanto Affleck pode ser eficiente atrás das câmeras. Aqui ele se junta ao amigo Matt Damon (vale lembrar que os dois ganharam o Oscar de roteiro original por Gênio Indomável/1997) para contar a história por trás de uma das marcas mais sucedidas na história: o tênis Air Jordan da Nike (e eu escolhi a foto do post de uma matéria do The New Yorker só porque achei melhor do que qualquer foto de divulgação do filme). Alavancado pelo sucesso de Michael Jordan, o tênis se tornou o produto mais rentável da companhia e a colocou definitivamente no mapa em um período em que era uma marca sem muito prestígio no mercado. Gosto da forma como o Affleck localiza a história no tempo e no espaço com recortes históricos ligeiros, mas precisos logo nos minutos iniciais. Basta uma montagem acelerada para vermos o contexto do ano de 1984 (o mesmo recurso também é utilizado para mostrar o futuro, quando Jordan conhece o preço de se tornar uma celebridade). Em Air, Jordan ainda era a promessa da grande estrela do basquete que seria e enquanto outras marcas o desejavam para compor seu grupo de jogadores propaganda, foi o marketeiro da Sonny Vaccaro (Matt Damon) que viu no jovem jogador a potência do que ele seria. No entanto, sua ideia era mais do que usá-lo em propagandas, mas desenvolver um tênis que inspirado no atleta, para isso conta com a preciosa ajuda do designer Peter Moore (vivido com gosto por Matthew Maher, mas pena que ele aparece pouco). Porém, nem tudo foi fácil, demorou para convencer o chefe (Ben Affleck) de que a ideia era rentável, tinha que driblar o agente de Jordan (Chris Messina) e convencer a mãe do atleta (Viola Davis) de que a ideia era boa o suficiente para seu filho embarcar. Como em Argo, Air tem a narrativa fluente, você nem sente o tempo passar. O roteiro consegue dosar o humor na trama, o que não impede que a fotografia e toda a ambientação seja um tanto fria na criação de uma verdadeira bolha para seus personagens que não aparecem em vidas fora do trabalho. Particularmente senti falta de algo a mais para não vê-lo apenas como uma esperta aula de marketing, mas talvez isso seja um problema comigo, não com o filme. Fica fácil entender o fascínio provocado pelo filme nos Estados Unidos e, provavelmente, ele receba uma campanha de lembrança nas premiações de fim de ano.
Air - A História por Trás do Logo (Air / EUA -2023) de Ben Affleck com Matt Damon, Jason Bateman, Ben Affleck, Viola Davis, Chris Messina, Chris Tucker, Jay Mohr e Matthew Maher. ☻☻☻
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