Depois de tampar o sol com a peneira por algum tempo, a terceira aventura solo do Homem-Formiga fez soar de vez o alerta na Marvel Studios. Desde que o filme foi lançado, a empresa já sofreu algumas mudanças, como a demissão de roteiristas e executivos do alto escalão com o objetivo de melhorar o que já foi uma máquina de fazer muito mais dinheiro. Foi até bom demorar para assistir ao filme que agora está disponível no Disney+, passados alguns meses e com as expectativas devidamente ajustadas, Quantumania pode ser avaliado dentro de suas próprias possibilidade e tropeços. A história gira em torno da família construída ao longo dos filmes anteriores e o retorno acidental ao Reino Quântico. Lá se dão conta que existe toda uma estrutura social com criaturas estranhas e ambientes quase espaciais que conferem ao filme um visual que soa como uma variante subatômica de Star Wars. Nesta galáxia em miniatura existe um vilão, Kang (Jonathan Majors em trabalho elogiado até se tornar uma dor de cabeça para Marvel por denuncias de abuso sexual) que, se seus planos derem certo, pode colocar em risco todo o multiverso. Essa é a base da história e não há muito mais do que isso. Começando pelos heróis do título, Paul Rudd continua fazendo de Scott Lang um herói simpático, mas aqui não tem muito o que fazer além de tentar salvar sua filha Cassie (agora uma adolescente vivida por Kathryn Newton), já Evangeline Lilly tem sua Vespa reduzida (com o perdão do trocadilho) à coadjuvante de luxo (com poucas cenas, poucas falas e pouca relevância no desenvolvimento da história - será que tem relação com sua postura anti-vacina?), deixando que a Vespa original, sua mãe, Janet (Michelle Pfeiffer) tenha mais destaque ao guiar os personagens naquele mundo estranho. Se Peyton Reed soube como dar forma às aventuras anteriores do herói, aqui ele parece soterrado pela cartilha Marvel com muito CGI e cenas de batalha sem muita imaginação. Os personagens curiosos do Reino Quântico estão ali só para atiçarem a curiosidade do espectador e boa parte da trama poderia ser resolvido se Janet contasse logo tudo o que sabe. Outro problema do filme é a resolução de situações complexas de forma apressada, prova disso é a própria Cassie. O desenvolvimento da personagem como jovem heroína é tão apressado que incomoda, afinal, todo mundo lembra como para Scott Lang sofreu para aprender a lidar com os poderes de seu traje no primeiro filme, mas para Cassie tudo é mais simples, basta lembrar de uma frase dita pelo seu pai sobre pular e tudo mais, por mais que a tecnologia do Hank Pym (Michael Douglas) tenha se desenvolvido nos últimos anos, duvido que seu uso seja tão fácil de aprender. Não por acaso a cena final é idêntica à cena final, deixando a sensação que após duas horas nada de muito relevante aconteceu, a não ser a apresentação do vilão da nova fase da Marvel nos cinemas (como deixa claro a cena pós-crédito). Eu adoro as ideias dos filmes anteriores do herói, mas este me deixou o tempo inteiro na cabeça aquela frase de Martin Scorsese que os filmes da Marvel parecem parques de diversões, no fundo, o Quantumania e seu Reino Quântico não conseguem ser mais do que isso.
Homem Formiga e A Vespa - Quantumania (Ant-Man and Wasp: Quantumania/EUA-2023) de Peyton Reed com Paul Rudd, Kathryn Newton, Evangeline Lilly, Michelle Pfeiffer, Jonathan Majors, Michael Douglas, Corey Stoll Bill Murray e Katy M. O'Bryen. ☻☻
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