Os Guardiões da Galáxia: despedida em grande estilo.
Não seria um erro dizer que os Guardiões da Galáxia são os donos da melhor trilogia da Marvel. Esta sensação se deve muito a James Gunn ter dirigido os três longas e ainda ter brigado pelo domínio criativo sobre os filmes. Vale lembrar que foi ele que escolheu o grupo de personagens para realizar o primeiro filme quando a maioria dos mortais nem sabia da existência deles. Filme feito, o apelo daquele grupo de renegados que formavam uma família disfuncional soou irresistível e permanece instaurado até agora. Não por acaso os fãs entraram em desespero quando Gunn perdeu o emprego por conta do cancelamento pelas piadas de mal gosto escritas no passado em suas redes sociais. Gunn teve que provar que era uma pessoa diferente e no meio da caminho foi para DC/Warner repaginar O Esquadrão Suicida (2021), que somado ao sucesso da série Pacificador (2021), acabou gerando o convite para remodelar todo universo DC nos cinemas. Quem diria, o mundo dá voltas e nelas pudemos entender o interesse do cineasta por personagens que debaixo da casca desagradável escondem um coração pronto para se redefinir. Guardiões da Galáxia - Volume 3 é uma ode à imperfeição de seus personagens, especialmente pela trama em torno de Rocket (voz de Bradley Cooper) que movimenta todo o resto. Aqui descobrimos a história do guaxinim mais amado do universo, como ele foi criado a partir de experiências feitas pelo assustador Alto Evolucionário (Chukwudi Iwuji) um sujeito disposto a atingir a perfeição com suas criaturas, mesmo que isso signifique o sacrifício de todas as outras (acho que não é por acaso que muitas ambientações do filme parecem retiradas de restos mortais). Não é por acaso que o vilão da vez lembre alguns governantes dispostos a traçar parâmetros do que é normal e aceitável, enquanto todo o resto não deva ter a existência respeitada, afinal, nada mais atual. A trama de Rocket é muito mais ambientada no passado enquanto seus amigos tentam salva-lo enquanto ajustam suas pendengas. Seja de Peter Quill (Chris Pratt) e a nova versão de Gamora (Zoe Saldana) que é totalmente indiferente a ele, Mantis (Pom Klementieff) tentando demonstrar seu valor ao grupo ou Nebulosa (Karen Gillan) apresentando novas nuances de sua personalidade nem sempre amarga. Por duas horas e meia, Gunn mantem o ritmo da trama envolvente, colocando seus personagens em mais uma aventura emocionante e, dessa vez, mais emocionada. Existem cenas realmente de partir o coração e outras de fazer a plateia vibrar numa grandiloquência que nunca perde de vista o coração dos personagens. Claro que a Marvel ainda apela para piadinhas para quebrar a tensão, mas aqui elas parecem em momentos que não atrapalham tanto. Muita gente reclama da participação de Adam Warlock (Will Poulter saradão) no filme, mas diante de tantos personagens que estão se despedindo, ele é apenas apresentado e deve dar voos mais altos em breve. Também ouvi queixas sobre a trilha sonora (com clássicos indies dos anos 90), mas eu gostei da sensação deixada pelas músicas sem a animação dos filmes anteriores. Confesso que derramei algumas lágrimas ao longo da sessão e continuo com o sabor de despedida, o bom é que quando a saudade apertar, posso rever o filme, assim como já fiz com os outros dois, quantas vezes eu quiser. Sentirei saudades.
Guardiões da Galáxia - Volume 3 (Guardian of the Galaxy - Vol3 / EUA - 2023) dee James Gunn com Chris Pratt, Bradley Cooper, Zoe Saldana, Dave Bautista, Karen Gillan, Pom Klementieff, Chukwudi Iwuji, Will Poulter, Sean Gunn, Maria Bakalova, Elizabeth Debicki, Daniela Melchior e Vin Diesel. ☻☻☻☻
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