terça-feira, 29 de maio de 2012

10+ Cannes 2012

Sei que no ano passado eu pequei por não colocar O Artista entre uma das maiores promessas lançadas em Cannes, mas como eu poderia imaginar que um filme em preto e branco e mudo ganharia o Oscar? Tento me consolar com o que uma amiga me disse: "ele ganhou um Oscar, mas não foi sucesso". Não vou nem me deter a esses detalhes, mas escrevo aqui, minha mais pura especulação sobre os filmes que você deve ouvir falar muito  durante este ano e que marcaram presença em Cannes2012 - para evitar mal entendidos: 

10 Lawless O australiano John Hillcoat conseguiu aplausos no Festival mas não empolgou muito com seu épico mafioso. Se em A Estrada (2010) ele acabou recebendo mais elogios do que atenção, as coisas podem não ser muito diferentes dessa vez. A trama se concentra na guerra de gangues da década de 1930 nos EUA onde o motor contra a lei seca era o contrabando de bebidas. No elenco Tom Hardy, Gary Oldman e Shia Labeouf dão o sangue para dar seriedade à produção repleta de cenas de ação - e estas são as que mais saem perdendo na temporada de ouro. 

09 Rust & Bone Apesar de misturar dois mundos bem distintos, esta produção francesa dirigida por Jacques Audiard pode se beneficiar da presença (sempre) marcante de sua estrela Marion Cotillard. Marion é uma adestradora de baleias que perde as duas pernas num acidente dentro de um parque aquático. Mergulhar nesse mundo já seria interessante, mas Audiard quer mais e insere a relação da personagem com um homem (Matthias Schoenaerts) metido em lutas clandestinas. Apesar desse dois mundos não darem muita liga, a atuação dos protagonistas deve valer a compra dos ingressos. 

08 Moonrise Kingdon Um filme de Wes Anderson sempre me chama a atenção - ainda mais depois que seu último trabalho foi a reveladora animação O Fantástico Senhor Raposo (2009). Desta vez, Anderson retoma os personagens de carne e osso em seu universo bastante peculiar, para contar uma trama protagonizada por crianças, mas com referências à saga romântica de Romeu e Julieta. Escolhido para abrir o Festival deste ano, o longa não empolgou como se esperava, mas promete fazer sucesso com atuações inspiradas de sua patota habitual de atores e... Bruce Willis! 

07 Cosmópolis  Palavroso, o novo filme de David Cronenberg promete. Repleto de ousadias e provoações, o filme retrata um jovem que vive num universo paralelo dentro de um automóvel. Esse olhar peculiar sobre a sociedade contemporânea é inspirado na obra de Dom Delillo numa analogia à Nova York pós-11 de setembro. O longa tem como maior atrativo a atuação de Robert Pattinson - que finalmente parece ter se encontrado como intérprete depois de procurar papéis que sepultassem seu vampiro crepuscular de vez. Dificilmente suas fãs vão curtir o filme, mas a galera adulta poderá avaliar se ele merece vida depois de avacalhar os vampiros.

06 The Hunt O dinamarquês Thomas Vinterberg é um dos fundadores do movimentos Dogma 95 ao lado de Lars Von Trier e adora uma polêmica - é ela que garantiu o seu maior sucesso até hoje: Festa de Família (1998). Thomas parece retomar alguns temas daquela lavagem de roupa suja em The Hunt, onde um professor é acusado de pedofilia. A proposta de relativizar as aparências, mesmo diante de um tema tão espinhoso, lhe rendeu o prêmio ecumênico e de melhor ator para mais uma inspirada atuação de Madds Mikkelsen - que pode até aparecer no Oscar depois de ser relegado a coadjuvante em superproduções de Hollywood (de 007 até a refilmagem de Fúria de Titãs

05 On The Road Acho que desde que o livro de Jack Kerouac foi lançado que se espera uma versão cinematográfica dele. O clássico da geração beat foi levado para as telas por Walter Salles, num desafio que considero ainda maior do que adaptar Diários de Motocicleta (2003). Apesar de ter dividido as opiniões por conta de sua narrativa viajante (mas que retrata bem a geração a que o livro aborda) sobre o final dos anos 1940 e início dos anos 1950. Narra a rotina na estrada dos amigos vividos por Garrett Headlund (muito elogiado), Sam Riley e Kirsten Stewart (que finalmente parece ter acordado de sua inércia). 

04 Kill Them Softly O thriller produzido por Brad Pitt para o seu chapa Andrew Dominik criou alguma polêmica e recebeu elogios acalorados pela saga de um mercenário (Pitt) contratado para caçar dois bandidos que roubaram uma casa de jogos ilegais da máfia. Com humor negro, violência e uma atuação que pode render prêmios para James Gandolfini, o longa se tornou um dos queridinhos do Festival - e o verniz politizado imposto pelo diretor de O Assassinato de Jesse James pelo Covarde Robert Ford (2007) deve ajudar um bocado na projeção mundial do filme. 

03 Amour A Palma de Ouro em Cannes sempre credencia um filme para voos mais altos - ou pelo menos garante uma distribuição considerável ao redor do mundo alimentado pela curiosidade da massa cinéfila. Some isso ao fato de ser dirigido pelo cultuado Michael Haneke que perceberemos que o lirismo premiado de Amour tem tudo para ser um sucesso mundial. Centrado na história de amor de um casal de velhinhos na proximidade da morte, Haneke retoma algumas temáticas de sua cinematografia num tom mais delicado e isso pode fazer a diferença nas premiações que sempre ficam com o pé atrás com ele.

02 The Paperboy O diretor de Preciosa (2009) aceitou dirigir uma adaptação antes oferecida para Pedro Almodóvar. Vendo a trama logo imaginamos o porque de terem lembrado do cineasta espanhol: Uma mulher misteriosa (Nicole Kidman, elogiadíssima) com fetiche por se corresponder com bandidos tenta provar a inocência de um malfeitor que acredita ser o amor de sua vida (John Cusack), para isso conta com a ajuda de um jornalista gay (Matthew McConaghey) e seu jovem parceiro (Zac Effron). Misturando comédia, filme de tribunal e drama policial com bastante esperteza, o filme já é visto como uma das grandes promessas do ano. 

 01 Mud Se no ano passado Jeff Nichols provou que era digno de atenção com O Abrigo, neste ano ele mostra que merece mais do que isso: merece ser reconhecido como cineasta de mão cheia! Afinal, quantas vezes você viu Matthew McConaghey cotado para as premiações de fim de ano? No papel de um bandido no meio do Mississipi que é auxiliado por dois garotos, McConaghey se reinventa ao compor um personagem cheio de camadas - e não perde o tom até quando o filme apresenta cenas de ação de tirar o fôlego. Não bastasse isso, até Reesee Witherspoon ganhou um papel decente! Mas esse deve ser o ano de McConaghey.

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