A família: reféns de um roteiro ruim
Em Hollywood deveria haver uma manual de sobrevivência no meio cinematográfico. Um dos mandamentos deveria ser: "Quando sua carreira estiver em apuros, jamais se meta num filme com um ator em decadência dirigido por um cineasta do mesmo calibre". Com estas instruções dificilmente Nicole Kidman teria se metido numa presepada como Reféns, onde contracena com Nicolas Cage sob a batuta de Joel Schumacher. Além de Nicolas Cage raramente acertas em suas escolhas, Schumacher ainda tem aquela mancha indelével de Batman & Robin () no currículo - além de tudo isso, Kidman ainda tem um dedo podre para escolher filmes caça-níqueis. Ela pode até se dar bem quando procura trabalhos mais sérios (como no recente Reencontrando a Felicidade/ de John Cameron Mitchell), mas desde que ganhou o Oscar por As Horas, qualquer filme de apelo mais popular é desprezado pelo público e pela crítica. Sorte que a loura ainda tem crédito com diretores importantes, como o americano Lee Daniels que a escalou para The Paperboy, um dos filmes mais aclamados do Festival de Cannes deste ano e que pode lhe render mais uma indicação ao Oscar. Enquanto Paperboy não estreia por aqui, temos que nos contentar com a ruindade desse Reféns nas locadoras. Trata-se de um dos filmes mais risíveis que assisti recentemente. Existem tantas reviravoltas no filme que em determinado momento eu pensei estar assistindo uma paródia do Casseta e Planeta. A trama já começa no lugar comum de ser um casal de ricaços (Kidman e Cage) que são tontos o suficiente para abrir a casa para um sujeito que não mostra a cara para câmera (só o distintivo). Acho que o filme empata nos quesitos buracos e reviravoltas. Os quatro assaltantes estão em busca dos diamantes guardados no cofre da mansão e tentam exaustivamente conseguir a combinação que o abre. Mais do que o pavor dos seus reféns, o expectador começa a ficar um bocado aborrecido quando o filme investe cada vez mais na gritaria e na violência gratuita. Quando o diretor percebe que a coisa já está cansando começam as "surpresas", desde a filha que deu uma fugidinha de casa que retorna como existe a especulação de que a dona da casa ter um caso com um dos assaltantes (o boneco Cam Gigandet). Depois os bandidos dizem estar ali por uma causa nobre - conseguir dinheiro para comprar um rim para a mãe de um deles e se não conseguir, eles pegarão o de um dos reféns - mas essa ideia é tão mal trabalhada que logo a abandonam. Aos poucos vemos que o excesso de mudanças bruscas no roteiro só dizem que ele não faz a mínima ideia para onde vai - e nisso sofre não só os personagens como o público e os próprios atores. Nicolas Cage está tão exagerado que nem parece um ator premiado (a mistura de plásticas, botox e implantes de cabelo está cada vez mais desastrosa), está tão canastrão que só torna o final mais ridículo. Kidman se esforça entre gritos e lágrimas que são prejudicadas pelas centenas de vezes em que repete "Kyle! Kyle!". A filha de ambos é uma pamonha e os bandidos são tão estereotipados que nunca rendem o que deveria - se Gigandet não é digno de crédito o mesmo não se pode dizer de Ben Mendelsohn (o tio malvado de Reino Animal/2010) que aqui não tem respaldo algum do roteiro. Enfim, a coisa é ruim de doer! A cereja do bolo é a família toda estropiada terminando o filme abraçada - que revela que em sua essência é apenas trata-se apenas de um filme família trash.
Reféns (Trespass/EUA-2011) de Joel Schumacher com Nicolas Cage, Nicole Kidman, Liana Liberato, Ben Mendelsohn e Cam Gigandet. ☻
Nenhum comentário:
Postar um comentário