Weisz: combate ao tráfico de mulheres.
Tem filmes que nem precisam ser de terror para provocar arrepios. Eu já havia me deparado com este filme estrelado por Rachel Weisz várias vezes na locadora, li até uma crítica elogiosa numa revista de cinema mas não cheguei a me empolgar. Quando ele começa arrastado apresentando seus personagens de forma sistemática, mesmo basando-se em personagens reais, vê-se logo porque foi lançado direto nas prateleiras. Rachel Weisz é Kathryn Bolkoac, uma policial correta, divorciada e que briga pela guarda dos filhos. Em busca de maior estabilidade e novas oportunidades profissionais acaba aceitando a proposta de sair da corporação de Nebraska para ir trabalhar nos cafundós da Bósnia no serviço de paz da ONU. Sua missão é ajudar o país a se reestruturar depois dos conflitos com a Croácia. Lá acaba ajudando na resolução de casos sobre violência doméstica e a coisa piora um bocado quando se depara com o tráfico humano. Quase que por acidente, Kathryn se depara com um bar onde mulheres (inclusive adolescentes) são exploradas sexualmente. Antes que você se precipite não se trata de prostituição, trata-se de violência mesmo. Iludidas por melhores condições de vida em uma terra estrangeira, elas acabam contraindo uma "dívida" que nunca irão pagar, mas que é motivo para que sejam exploradas por homens da região. Não bastasse essa situação degradante. Para provar que desgraça pouca é bobagem, tudo piora ainda mais quando descobrimos que a maioria dos homens da região morreram na guerra, então, a quem essas mulheres servem? É arrepiante perceber que elas são exploradas pelos próprios policiais e membros das forças de paz que deveriam zelar por elas. Quando Kathryn percebe isso ela passa a lutar sozinha contra um esquema asqueroso de corporativismo. A impressão que temos é que a ONU sabe exatamente o que está acontecendo, mas para evitar um escândalo prefere fingir está tudo bem. É um tema bombástico, o qual a diretora estreante Larysa Kondracki desenvolve sem frescuras a partir da história das denúncias de Kathryn e de uma jovem ucraniana que paga o alto preço de denunciar o esquema em que se envolveu. Sem medo de ser pesado enquanto denúncia, o filme ousa ao apontar para autoridades governamentais e poderosas empresas prestadoras de serviço como cúmplices de um esquema execrável da degradação humana - seja pelo corporativismo ou pelos tramites burocráticos. Possivelmente a coisa ficaria insuportável de assistir se não acompanhassemos todos os fatos pelos olhos destemidamente esperançosos de Rachel Weisz. A atriz tem cenas de tirar o fôlego de tamanha carga dramática (a cena em que tenta convencer as moças a seguí-la enquanto elas temem os policiais é de rasgar o coração), isso sem falar na revolta com que acompanhamos o arquivamento dos casos apurados por ela. Enquanto filme, A Informante é bem trivila, mas ainda é capaz de prender a atenção do público pela história tão absurda que a ficção jamais seria capaz de criar. Além de Weisz o elenco ainda conta com Vanessa Redgrave e David Stratrhairn como cúmplices da policial que foi até jurada de morte pelas denúncias que realizou.
A Informante (The Whistleblower/Alemanha-Canadá-2010) de Larysa Kondraki com Rachel Weisz, Vanessa Redgrave, Monica Bellucci e David Straitrharn. ☻☻☻
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