segunda-feira, 2 de setembro de 2013

DVD: Em Transe


Dawson e McAvoy: hipsnotismo e confusão. 

Nos últimos anos Danny Boyle dedicou-se a filmes que caíram no gosto do público, da crítica e da Academia que lhe renderam vários Oscars por Quem Quer Ser um Milionário (2008) e indicações por 127 Horas (2010). Não há dúvidas de que desde a sua estreia como cineasta em Cova Rasa (1994), Boyle demonstra uma assinatura bastante peculiar, conseguindo envolver o espectador em narrativas que sempre fogem da obviedade. Em Transe não deve concorrer a prêmios (e nem foi feito para isso), mas serve para mostrar como o diretor consegue brincar com as expectativas da plateia como poucos. Reza a lenda que ele passou anos criando bifurcações na narrativa do roteiro para confundir o expectador ao máximo. Se a intenção era essa, o diretor pode considerar que obteve sucesso. Sempre que Em Transe alcança um ponto da narrativa em que você pensa que entendeu o que está acontecendo, existe uma reviravolta onde o foco do expectador é forçado a ter outra visão sobre o protagonista. Quando conhecemos Simon (James McAvoy) ele parece um cara certinho que trabalha em leilões de obra de arte e torna-se responsável por esconder as obras mais valiosas quando um assalto acontece nesses espaços. Os meandros de seu trabalho e esmiuçado logo no início do filme e quando Simon precisa entrar em ação, sofre uma forte pancada na cabeça. Recuperado (e tido como herói), descobrimos que o cara não é tão bonzinho assim. Quando começa a ser perseguido pelo grupo de assaltantes liderados por Franck (Vincent Cassel), Simon é torturado para que descubram onde esconderam o valioso quadro que procuram e deixa claro que padece de amnésia, assim, o cético Franck terá que perceber a hipnose como única forma de conseguir o que quer. É quando entra em cena a bela terapeuta Elizabeth (Rosario Dawson), que irá ajudar Simon a se livrar dos bandidos através de um tratamento intensivo com a participação dos bandidos. Colabora para isso o fato de Simon ter uma sensibilidade rara para se entregar ao processo de hipnotismo.  Boyle consegue manter o suspense durante todo o filme, usa a hipnose para construir cenas curiosas e começa a borrar os limites entre o que é real e o que acontece na mente de Simon (numa espécie de genérico de A Origem/2010). A brincadeira funciona bem, mas quando começa a explicar demais a relação que existe entre os personagens a coisa perde parte da graça - principalmente no final enigmático. Ao espectador cabe seguir as surpresas da trama como se estivesse na situação que o título sugere, apreciar a trilha sonora, as curiosidades sobre a hipnose e tentar desenrolar a trama (nem que seja assistindo o longa mais de uma vez). Nas cenas fantasiosas, Boyle capricha (especialmente naquela cena em que Cassel com a cabeça destruída conversa com Simon como se nada houvesse acontecido, momento que lembra os filmes mais intrigantes de David Cronenberg), mas erra ao se perder em seu próprio labirinto sensorial. No entanto, o filme tem seus méritos.

Em Transe (Trance/Reino Unido-2013) de Danny Boyle com James McAvoy, Rosario Dawson, Vincent Cassel e Danny Sapani. ☻☻☻

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