Aisling e Thomas: crônica de uma morte anunciada
Filmes sobre doentes terminais costumam ter uma fórmula já gasta. Na grande maioria das vezes, o sucesso do filme depende mais do ator escolhido para o papel do que qualquer outra coisa. No entanto, A Morte do Super-Herói além de ter um bom ator no alto dos créditos, ainda tem um diretor que tentou fugir do lugar comum. Thomas Brodie Sangster estreou nos cinemas como o filho de Liam Neeson, aos 12 anos de idade, em Simplesmente Amor (2003). Até aquele momento ele era um ator mirim até conhecido por seus papéis em produções para a televisão inglesa. Hoje, ele já coleciona 36 produções televisivas e cinematográficas no currículo (entre elas os elogiados Brilho de Uma Paixão/2009 e O Garoto de Liverpool/2009). Com o passar do tempo, aos 23 anos, Thomas está longe de ter aparência de galã, mas já mostra ser um ator com competência para carregar um filme nas costas. A Morte do Super Herói fez sucesso em alguns festivais, especialmente entre o público jovem, ao lidar com a história de um adolescente de quinze anos que está com os dias contados devido a um tipo de câncer. Mais do que o drama com a saúde do personagem, o filme se torna uma história universal ao anabolizar a intensidade juvenil de lidar com todo tipo de questões, especialmente as mais delicadas. Mais do que centrar a narrativa na família do jovem Donald (Sangster), o filme utiliza a linguagem dos quadrinhos para lidar com elementos como força, mortalidade e sexo. Mais do que um passatempo, os desenhos de Donald expressam suas angústias, que, na grande maioria das vezes, não consegue expressar oralmente, apenas com explosões de ira ao deparar-se com o choque de suas expectativas e a limitada vida que lhe resta. Para além da mãe que não enxerga que o tratamento do filho está fadado ao fracasso, do pai permissivo, do irmão que quase não se envolve com os dramas do mano, o filme se concentra mais na relação do personagem com um psicológo especialista em pacientes que precisam lidar com a morte (Andy Serkis, mais famoso por emprestar seu corpo para a captura de movimentos em filmes como Senhor dos Anéis e Planeta dos Macacos - A Origem) e com uma garota nova na escola (Aisling Loftus), forte candidata a interesse amoroso do mocinho. Demonstrando sensibilidade ao lidar com assuntos complicados (até mesmo quando resolvem que Donald precisa perder a virgindade com uma prostituta), o filme consegue equilibrar-se no frescor das analogias que os quadrinhos permitem no decorrer da trama. A certa altura, o temperamento de Donald exibe as semelhanças de si mesmo com seu personagem vilanesco e com o heróico. É nessa disputa interna entre o bem e o mal perante a inevitável mortalidade que o filme se torna uma obra mais interessante do que a maioria dos filmes do gênero. Nessa jornada que o espectador acompanha, merece destaque a atuação de Thomas Brodie Sangster, que abraça, sem pudores, as qualidades e defeitos do personagem, o tornando irresistivelmente humano e mortal como todos nós.
A Morte do Super-Herói (Death of Super Hero/Alemanha-Irlanda/2011) de Ian Fitzgibbon com Thomas Brodie Sangster, Andy Serkis, Aisling Loftus, Peter Sexton e Killian Coyle. ☻☻☻
muito boa publicação.e o filme muito bom.
ResponderExcluirVlw, Mateus! Volte mais vezes!
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