Moritz, Georg e Ursula: misturando gêneros.
Tem gente que realmente acredita que a foto em que aparece no meu perfil do blog é realmente minha. Geralmente elas me perguntam como foi que consegui editar uma foto daquele jeito, mas eu sempre costumo dizer a verdade: apesar das semelhanças, aquele não sou eu. É uma parte do pôster de O Complexo Baader Meinhof (2008), ótimo filme alemão dirigido por Uli Edel e estrelado por Moritz Bleibtreu e indicado ao Oscar de Filme estrangeiro. Pois é, a foto é uma caricatura de Moritz (com uma leve editada no penteado). Desde Corra, Lola, Corra (1998), o ator se tornou um dos mais requisitados da Alemanha, ao ponto que seus fãs ao redor do mundo garantem alguma notoriedade às produções que estrela. Exibido no Festival de Berlim, este Meu Melhor Inimigo (já perdi as contas de quantos filmes tem esse nome, inclusive um documentário alemão de Werner Herzog) alcançou elogios e algumas desconfianças pelo tom quase cômico que possui em sua segunda parte, embora o resultado seja mais convincente do que os momentos em que Tarantino tenta fazer graça em Bastardos Inglórios (2009). A trama narra a relação entre o judeu Victor Kauffman (Bleibtreu) e o amigo ariano Rudi Smekal (Georg Friedrich), apesar das diferenças sociais (os pais de Victor são ricos donos de uma galeria de arte e Rudi é filho da governanta da família), os dois crescem juntos e com grandes afinidades - inclusive o interesse pela mesma mulher, Lena (Ursula Strauss). Mas quando o nazismo ascende na Alemanha, a relação dos dois é abalada. Rudi vê na SS a chance de ganhar um status que não possuía, mesmo que para isso tenha que trair a confiança da família Kauffman. O centro da intriga é uma pintura de Michelangelo que pode ajudar nas relações com a Itália fascista de Mussolini, o problema é que somente a família Kauffman sabe onde a obra original se encontra. A obra de Michelangelo acaba se tornando fonte de uma constante barganha entre os dois amigos, especialmente quando ela permite que Victor reencontre sua família depois que foram separados e enviados para campos de concentração. Assim como em O Menino do Pijama Listrado (2008), o filme usa do mesmo artifício de que as diferenças entre judeus e arianos era mais ideológica do que biológica, já que depois de um acidente, Victor troca de identidade com o ex-amigo e Rudi não consegue convencer ninguém de que não é judeu. É nessa parte que o filme reduz o tom dramático e apela para o humor. Não há problemas nessa transição, já que ela ocorre de forma bastante espontânea. Pena que o mesmo não se pode dizer do desfecho otimista que torna tudo uma espécie de conto de fadas. Apesar de abordar um tema pesado como o holocausto, a proposta do diretor Wolfgang Murnberger (que assina o roteiro ao lado de Paul Hengge) é bem mais leve do que os outros do gênero - isso pode desagradar os mais ranzinzas (especialmente pela noção de que a família judia rica é boazinha e que o ariano pobre era só um invejoso - mas isso tem tem mais relação com os ideais nazistas do que você imagina). Longe de ser genial, o filme é bem produzido e possui ritmo envolvente no trato com os personagens que deve agradar quem se aventurar a assistí-lo.
Meu Melhor Inimigo (Mein Bester Feind/Alemanha-2011) de Wolfgang Murnberger com Moritz Bleibtreu, Georg Friedrich, Ursula Strauss e Marthe Keller. ☻☻☻☻
Meu Melhor Inimigo (Mein Bester Feind/Alemanha-2011) de Wolfgang Murnberger com Moritz Bleibtreu, Georg Friedrich, Ursula Strauss e Marthe Keller. ☻☻☻☻
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