McAvoy: durão e tirando água do joelho.
Devo admitir que ainda me surpreendo quando vejo o escocês James McAvoy protagonizando um filme de ação - tanto quanto me surpreendi quando suas atuações em O Último Rei da Escócia (2006) e Desejo e Reparação (2007) passaram em branco no Oscar. James já provou que pode encarnar tipos românticos e sofridos em seus filmes, no entanto, mesmo realizando cenas de ação no alucinado O Procurado (2008) e sendo o jovem Professor Xavier em X-Men: Primeira Classe (2011), sua estreia no tipo durão do gênero é nesse Inimigos de Sangue. É proposital que McAvoy pareça jovem para o papel de policial durão, assim como suas qualidades como ator são logo percebidas quando precisa exalar confiança mesmo nos momentos mais escorregadios da trama concebida pelo diretor e roteirista Eran Creevy. Em seu segundo longa metragem, Creevy, assim como no filme anterior (o celebrado Shifty de 2008), ambienta sua trama no mundo criminal londrino e trabalha com os atores Daniel Mays e Jason Flemyng em cena. Inimigos de Sangue narra a perseguição promovida pelo detetive Max Lewinsky (McAvoy) ao criminoso Jacob Sternwood (Mark Strong), a trama se inicia numa vertiginosa perseguição de Max a Jacob, que tem seu ápice num terrível tiro no joelho que compromete a locomoção do agente para sempre (assim como rende aflitivas cenas de retirada de fluido do joelho). A chance de Max rever seu algoz aparece quando o filho de Sternwood é vítima de uma conspiração e é internado num hospital entre a vida e a morte. Essa situação traz o criminoso para fora do seu seguro exílio pessoal e o coloca na mira dos policiais enquanto busca os responsáveis pelo que aconteceu ao filho. É interessante como o roteiro arma caminhos para que Max e Jacob se encontrem e acabem buscando juntos o responsável pelo que aconteceu, a aliança até descobre um comprometedor esquema de corrupção. Embora a narrativa seja ágil (até demais) o roteiro é bastante confuso, talvez na pressa de envolver os fãs do gênero, o diretor tenha deixado de trabalhar alguns aspectos que serviriam para compreendermos melhor as motivações dos personagens. Não fosse as boas atuações de McAvoy e Mark Strong (na pele de um vilão com mais nuances do que acostumamos a vê-lo), dificilmente iriamos engolir a aliança que se estabelece entre os dois personagens. É verdade que o filme tem cenas de tiroteio bem filmadas (e até perdoo aquela posuda câmera lenta em determinado momento) e momentos em que o diretor investe no tom inusitado digna de Quentin Tarantino (a cena com a avó de bandido é tão hilária quando arrepiante), mas ele poderia ter respirado um pouco e mostrado ao espectador que seu filme de ação tem algo a mais. Esse algo a mais fica evidente na escalação do elenco (que conta ainda com a ótima Andrea Riseborough como parceira de Max, David Morrissey, os veteranos Peter Mullan e Ruth Sheen), mas enfraquece quando o elenco parece um bando de bonecos em meio aos tiros. Talvez os fãs dos filmes de ação não liguem para isso, mas Eran Creevy deveria refletir sobre isso se quiser ser levado a sério em seu próximo filme (intitulado Autobahn, suspense em alta velocidade previsto para o ano que vem estrelado por Zac Efron e Amber Heard).
Inimigos de Sangue (Welcome to the Punch/Reino Unido-EUA/2013) de Eran Creevy com James McAvoy, Mark Strong, Andrea Riseborough, David Morrissey e Daniel Mays. ☻☻
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