O cinema é mesmo uma caixinha de surpresas. Houve um tempo em que Jim Carrey era garantia certa de boa bilheteria para um filme besteirol, nesse mesmo tempo ele chegou a ter Steve Carrell como coadjuvante de sucesso. Hoje a coisa se inverteu: Carrell tornou-se mais popular que Carrey, ao ponto de ter o careteiro como coadjuvante de luxo. Os dois juntos já chama atenção da plateia, acrescente Steve Buscemi (em alta com os prêmios da série Boardwalk Empire da HBO), a beldade Olivia Wilde e o finado James Gandolfini e o elenco dessa bobagem é dos mais promissores. Porém, apesar de prometer boas risadas o filme fracassou nos cinemas americanos. Burt Wonderstone custou 30 milhões e não arrecadou nem 23 milhões nas bilheterias. O motivo da decepção? Acredito que o filme não soube se comunicar com o público a que se destinava. As piadinhas propositadamente toscas não devem ter sido interpretadas como deveriam, ou então, o público se desacostumou ao humor sem baixarias a que o filme se propõe. A tosquice das dancinhas e o sorriso amarelo dos atores devem ter sido levados mais a sério do que se deveria... O filme começa com Burt ainda pequeno e não muito querido pelos colegas, sua maior companhia era um kit de mágica do famoso Rance Holloway (Alan Arkin) que recebeu de presente da mãe. Incompreendido pelos colegas, seu melhor amigo é o problemático Anton, o qual se tornará seu parceiro em números de mágica por muito tempo. Crescidos, Burt (Steve Carrell) e Anton (Buscemi) são estrelas de um hotel em Las Vegas onde apresentam seus números por décadas! O problema é que a crise chega para todo mundo, especialmente para aqueles que se acham tão espetaculares que não precisam mudar nunca, como Burt. O menino simpático que fazia mágica por diversão se torna um chato egocêntrico que não percebe que seu show é totalmente ultrapassado. Da trilha sonora (que abusa do hit Abracadabra) que serve às coreografias sem noção, passando pelo vestuário exagerado e a cabeleira esdrúxula, Burt parece ter parado no tempo. Também não ajuda muito o fato de um mágico de rua chamado Steve Gray (Jim Carrey, num papel que lhe cai como uma luva) estar ganhando espaço na mídia com números que parecem mais uma apresentação do Jack Ass do que de magia. O roteiro explora o inferno astral de Burt, com direito à crise na amizade com Antom, desemprego, shows em asilo e festas de aniversário superestimadas. É um festival de tosquice arriscado, mas que poderia não funcionar se contasse com o elenco errado, sorte que aqui os atores não tem pudores de enfrentar a ridicularização a que são submetidos. Eu gostei, ri bastante com as trapalhadas dos personagens - e especialmente com a explicação daquele número de mágica inusitado onde a plateia desaparece no número final. Vindo da televisão o diretor Don Scardino não pretende fazer uma comédia revolucionária ou coisa parecida, sua intenção é fazer rir e isso seu filme faz com um elenco que parece estar se divertindo tanto quanto a plateia.
O Incrível Mágico Burt Wonderstone (The Incredible Burt Wondestone/EUA-2013) de Don Scardino com Steve Carrell, Steve Buscemi, Olivia Wilde, Jim Carrey, James Gandolfini, Alan Arkin e Jay Mohr. ☻☻☻
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