As meninas, Waldau e Chastain: Poltergeist Maternal.
Se Jessica Chastain houvesse recebido o Oscar de Melhor Atriz por A Hora Mais Escura na última edição do Oscar, não seriam poucos os críticos a dizer que a ruiva estava sofrendo da maldição do Oscar quando lançasse esse terror Mama. Como a moça foi derrotada por Jennifer Lawrence (por O Lado Bom da Vida), Mama recebeu afagos da crítica pelo jeito que lida com uma história cheia de surpresas e amor materno. O filme está longe de ser uma obra-prima, mas merece uma chance por mudar tudo o que esperamos de um filme de sustos com um nome desses. Acredito que muita gente pensava que se tratava de um filme onde crianças eram assombradas pelo fantasma da mãe. Não é. O início chega a ser chocante ao mostrar um homem que mata a esposa e foge com as duas filhas pequenas. Após um acidente de carro, os três se refugiam numa casa abandonada no meio de um bosque, onde ele tenta dar o mesmo fim às herdeiras. Não temos explicações sobre o comportamento do tal homem, mas algo misterioso acontece e as duas crianças sobrevivem sozinhas com a ajuda do sobrenatural. Tudo leva a crer que a cabana onde se esconderam era assombrada e depois de cinco anos vivendo ali você pode imaginar o que irá acontecer. É nesse ponto que entra em cena o irmão gêmeo do pai delas, Lucas (o bom ator dinamarquês Nicolaj Coster-Waldau) que busca por cinco anos o paradeiro das sobrinhas. Quando elas são encontradas, os anos de isolamento social já tiveram um efeito devastador na formação das crianças, especialmente da mais jovem, Lily (Isabelle Nélisse) que possui um comportamento arredio que beira o selvagem. Já Victoria (Megan Charpentier), já possui lembranças capazes de reintegrá-la socialmente ao lado do tio. Junto com o tio e a namorada, Annabel (Chastain) - que toca numa banda de rock (toca baixo, claro!), usa maquiagem pesada e tatuagens, além de ser apresentada aliviada quando descobre que não está grávida - os quatro irão formar uma família que precisa aprender a conviver. A relação entre o quarteto ainda ganha um tom incomum quando precisam conviver numa casa indicada pelo psicólogo das crianças, um espaço sossegado (ou seria isolado) onde eles podem se conhecer melhor e ser acompanhados pelo doutor enquanto prossegue o processo de reintegração social. Existem alguns conflitos entre os personagens, mas nada muito profundo. Afinal, o que a plateia espera são os sustos por conta da enigmática "amiga imaginária" das meninas. O diretor Andrés Muschietti acerta ao não quando explora sustos sutis, como as que reconhecemos a presença da assombração no olhar da pequena Lilly, além dos momentos onde a ciência esbarra no desconhecido, mas o desfecho quase põe tudo a perder pelas doses generosas de exagero. A ideia de um fantasma maternal doentio funciona mais do que a pose de rebelde de butique criada por Jessica Chastain. Depois de tantas atuações excepcionais, Chastain prova que é humana em um personagem onde não consegue encontrar o tom. Vale contar que o catalão Andrés convenceu o estúdio a produzir o filme depois que exibiu seu curta (de três minutos com o mesmo nome), onde mostrava todos os elementos que gostaria de explorar no filme. Depois dessa estreia promissora, o rapaz merece atenção.
Mama (EUA-2013) de Andrés Muschietti com Jessica Chastain, Nicolaj Coster-Waldau, Isabelle Nélisse e Megan Charpentier. ☻☻☻
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