quinta-feira, 29 de setembro de 2016

Na Tela: Demônio de Neon

Elle: beleza na estética bizarra de Neon Demon

Para a maioria do público Demônio de Neon será forte candidato ao posto de filme mais bizarro do ano, já para os fãs do cineasta Nicolas Winding Refn o filme será o mais puro deleite! Eu já comentei aqui no blog que para o cineasta dinamarquês a violência é um elemento narrativo poderoso. Quem  o acompanha desde a trilogia Pusher (iniciada em 1996) sabe disso. Quem conheceu Guerreiro Silencioso (2009) também -  mas quem curtiu somente o seu maior sucesso, Drive (2011) irá estranhar, porém menos que o mediano Só Deus Perdoa (2013). No entanto, Em Neon Demon, ele mantem a violência sempre presa, espreitando os personagens (até que explodir no final). A história não traz nenhuma novidade: conta a história de uma jovem Jesse (Elle Fanning) que se muda para Los Angeles para tornar-se modelo. Lá ela conhece um mundo cheio de jogos de aparência, falsidades, futilidades e traições, onde ela sempre fica preocupada sobre em quem pode confiar, seja no namorado (Karl Glusman), no gerente do hotel onde mora (Keanu Reeves), na maquiadora que torna-se sua amiga (Jena Malone) ou nas modelos esnobes e plastificadas que sempre cruzam o seu caminho (vividas por Bella Heathcote e Abbey Lee). Seria muito fácil simplificar o filme e dizer que trata de como esse ambiente horrivelmente hostil corrói a beleza inocente de Jesse, na verdade, mais uma vez, Refn está preocupado na criação de um mundo próprio, por isso, ele demonstra tanto capricho com a estética do seu filme. Seja pelo uso das cores, da trilha sonora com sintetizadores (que misturam música de filme de terror com trilha de contos de fadas), dos cenários e figurinos, tudo colabora para que a história seja contada num ambiente tão atraente como artificial. Essa artificialidade proposital funciona como uma crítica ao sempre cultuado mundo da moda, mas está longe de ser original - e por isso mesmo a proposta de inserir a crítica mais na estética do que no roteiro funciona melhor do que se imagina. Por outro lado, não espere muitos diálogos (quase tudo é implícito e traduzido por imagens) ou profundidade nos personagens (todos estão ali para apenas transitar em torno de Jesse e expressar sua admiração ou inveja pela personagem - que é muito bem defendida por Elle Fanning em todos os seus aspectos, do luminoso ao obscuro). Além da protagonista, outra atuação que se destaca é Jena Malone, que defende uma personagem complicada com absoluta coerência até a sinistro último ato. Vale dizer que o último ato deu o que falar em Cannes, já que deixou a plateia perplexa e cheia de risos (nervosos?). Seja como for, o final combina com o olhar (sem trocadilho, por favor) de Refn para o universo devorador que construiu com tanto esmero para um dos filmes mais curiosos do ano. 

Demônio de Neon (Neon Demon/França-Dinamarca-EUA) de Nicholas Winding Refn com Elle Fanning, Jena Malone, Karl Glusman, Keanu Reeves, Bella Heathcote, Abbey Lee, Alessando Nivolam e Christina Hendricks. ☻☻☻

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