Darlene, Angela, Papai e Elliot: temporada decepcionante.
Depois de tanto culto, prêmios e críticas positivas a Segunda Temporada de Mr. Robot estreou com as expectativas no topo! Do visual angustiante, da narrativa claustrofóbica, do tom vertiginoso da história e do roteiro caótico, tudo o que a segunda temporada trouxe da primeira foi... saudade! Afinal episódio após episódio esperava-se que acontecesse algo que surpreendesse o público - e não estou falando de Elliot revirando vômito, engolindo concreto, sendo espancado ou magnata queimando pilhas de dinheiro, Whiterose mijando em lápide ou paródia de sitcom, estou falando de história. Trama! Tudo o que a primeira temporada representou para os espectadores virou um pastiche! Depois que o último capítulo da season anterior deixou a plateia com a respiração suspensa, imaginava-se que a segunda começaria com a narrativa no auge. Não foi isso o que aconteceu. A série começou fria, truncada, criando novas tramas e apresentando novos personagens que inseriam Elliot numa trama paralela que não trouxe nada de interessante ou revelador - e desaguou naquele sétimo episódio que todos consideravam uma grande reviravolta, mas que soou mais como uma borracha no que não estava funcionando. Enquanto os delírios de Elliot guiavam a narrativa para uma ilusão ao público, seguia-se tramas que nunca decolavam sobre o paradeiro de Tyrell Wellick (Martin Wallström) e ações do FBI - e está só não foi pior por conta dos genes de Meryl Streep! Pois é, graças à filha de Streep, Grace Gummer, que a coisa não foi para o ralo! Grace deu vida e alma para a agente Dominique DiPierro e mostrou-se a melhor aquisição surgida na nova temporada, mesmo com sua trama mais se enrolando do que se desenvolvendo.
Grace: A melhor aquisição da temporada.
No fim das contas, tive a impressão que o criador Sam Esmail deixou o ego ofuscar sua cria, afinal ao assinar a direção de todos os episódios, chegamos à conclusão que ele deveria se concentrar-se na escrita. Esmail meteu os pés pelas mãos. Virou a mocinha Angela (Portia Doubleday) do avesso (desprezando todo o interesse amoroso de Elliot por ela) a metendo em várias subtramas que terminaram completamente soltas, colocou Darlene (Carly Chaikin) para chefiar a diluída FSociety (mesmo sem a personagem ter força para tanto), deu fim a Gideon (Michel Gill, que eu achei que seria mais uma voz na consciência de Elliot... mas... fica a dica!) e enrolou além do limite para trazer Tyrell de volta. Numa trama confusa sobre a Fase 2 que nunca ficava clara, coube a Rami Malek dar conta de manter Elliot ainda mais confuso com o que estava acontecendo (o que não era difícil, né?) e alguém mais notou que o personagem de Christian Slater perdeu a força depois que descobrimos o segredo dele? Se Malek confirmou ser bom ator, por outro lado ele não podia fazer milagre com todos os seus personagens de apoio cambaleando em suas funções, ou seja, ficou difícil dar fôlego para os dez episódios da temporada 2016. Se a primeira não perdia tempo enrolando o espectador, a segunda fez o oposto, cozinhando o que tinha para contar somente para o (bom) último episódio - ainda que tivesse sabor de penúltimo. A impressão é que o olho de Sam Esmail ficou maior que o de Rami Malek e ele vai esticar sua cria até uma quinta temporada. Então, será melhor mostrar um melhor serviço na próxima, rapaz!
"Alô": "Ei Tyrell, dá para você voltar logo?"
Mr. Robot - 2ª Temporada (EUA-2016) de Sam Esmail com Rami Malek, Christian Slater, Martin Wallström, Michael Christopher, Carly Chaikin e Portia Doubleday. ☻☻
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