Owen: a vida através dos desenhos.
No meio de tantos documentários densos sobre guerras e preconceito, Life Animated chamou atenção por contar uma história incomum sobre como o amor pelo cinema pode mudar vidas. O filme de Roger Ross Williams comoveu muita gente ao contar um pouco da história de Owen Suskind, um menino que teve diagnóstico de Autismo na infância e que preocupou seus pais pela dificuldade encontrada para se comunicar. O início do filme se dedica ao impacto da notícia para a família e como eles tentaram lidar com os obstáculos enfrentados pelo filho em seu processo de desenvolvimento e relacionamento com o mundo ao redor. Para quem curte cinema, especialmente animação, é fascinante perceber como aquele menino passa a ler o mundo e suas próprias emoções a partir dos desenhos. Afinal, com todo o coloridos, entonações e expressões enfáticas, especialmente dos filmes da Disney, Owen voltou a se comunicar com os pais e expressar o que sentia. Paralelo a isso, o filme conta a jornada do rapaz para se tornar independente para além do grupo de apreciadores de animações que criou na escola. A família conta várias dificuldades encontradas para lidar com Owen, incluindo a busca por uma escola adequada para o menino, assim como a melhor forma para auxiliá-lo no processo de comunicação com muita ludicidade e fantasia. O filme de Roger Ross Williams só perde pontos quando exagera na fofura para deixar tudo o mais agradável possível para a plateia, como se a própria vida de Owen fosse uma animação fofinha. Sabemos que não é bem assim. Essa ênfase deve ter relação com o fato do roteirista do filme ser do pai de Owen, o jornalista Ron Suskind, que apresenta a jornada do rapaz junto à família e que encontra na própria paixão por desenhos animados uma forma de homenagear o filho. Prefiro quando o filme desmistifica a vida de um autista, demonstrando que, com o devido acompanhamento, ele pode se desenvolver, namorar, trabalhar e até viver longe dos pais, considero que o desenvolvimento da autonomia de Owen tem grande destaque na produção. Quando o filme se concentra na vida como ela é torna-se muito interessante, quando exagera nas intervenções diante da câmera existe certa artificialidade na narrativa, mas nada que tire o interesse da plateia de uma vida registrada pelas câmeras.
Life Animated (EUA/2016) de Roger Ross Williams com Owen Suskind, Ron Suskind e Jonathan Freeman. ☻☻☻
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