Emily Blunt: no centro de um filme confuso.
A atriz britânica Emily Blunt é uma das grandes estrelas de sua geração, não por acaso, faz tempo que está tentando uma vaga entre as indicações ao Oscar. Ela chegou perto com A Jovem Rainha Victória/2009 (pelo qual foi lembrada no Globo de Ouro) e Sicario/2015 (mas faltava "aquela cena" para ser lembrada entre os votantes). Ano passado Emily provou novamente ser talentosa com este A Garota do Trem, pelo qual concorreu aos prêmios de melhor atriz no BAFTA e no prêmio do Sindicato dos Atores. De fato, a performance da moça faz toda a diferença num filme que se enrola demais em suas intenções, tornando o resultando menor do que poderia ser. Tudo gira em torno de Rachel (Blunt), mulher com problema acentuado de alcoolismo desde que se divorciou de Tom (Justin Theroux). Tudo piorou quando Tom se casou com Anna (Rebecca Ferguson) e tiveram um bebê. Por uma coincidência da vida (ou do roteiro), Rachel admira todos os dias, nas idas e vindas de trem de Nova York, o relacionamento da babá do casal, Megan (Haley Bennett) com o esposo, Scott (Luke Evans). No entanto, Megan também tem seus problemas e Rachel se sentirá traída quando conhecê-los. Com uma rede de relacionamentos que mescla coincidências e complexidades, o filme às vezes torna-se confuso ao abordar as motivações dos personagens, deixando algumas tramas paralelas um tanto subaproveitadas, justamente quando a confusa Rachel está cada vez mais envolvida com o destino reservado à Megan, afinal, Rachel não tem certeza se é uma testemunha ou uma criminosa. Cabe à atuação de Emily Blunt manter o suspense até o final, deixando sua personagem entre o ameaçador e o vulnerável, tarefa que ela desempenha com competência no imbróglio em que se meteu. O filme sofreu fortes comparações com o sucesso Garota Exemplar (2014) por contar com uma narradora pouco digna de confiança, uma esposa modelo vítima de um crime e um marido suspeito de matá-la, no entanto, as comparações ficam por aí, já que Tate Taylor está muito longe de ser David Fincher. Taylor (diretor de Histórias Cruzadas/2011) deve ter aceitado o serviço porque já provou anteriormente que consegue dar conta de um grupo extenso de personagens durante uma narrativa, o problema é que lhe falta um pouco de habilidade para lidar com detalhes que se mostram essenciais para a narrativa se tornar fluente e aproveitar oportunidades sinalizadas pelo roteiro. No fim das contas, A Garota do Trem parece um daqueles suspenses suburbanos muito comuns nos anos 1990 - mas com a vantagem de ter uma atriz acima da média no alto dos créditos.
A Garota do Trem (The Girl on the Train/EUA-2016) de Tate Taylor com Emily Blunt, Rebecca Ferguson, Justin Theroux, Haley Bennett, Luke Evans, Alison Janney e Edgar Ramírez. ☻☻☻
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