Abobrinha (de cabelo azul) e seus amigos: dramas tratados com leveza.
No meio dos indicados ao Oscar de animação deste ano despontou uma animação franco-suíça com pouco mais de uma hora de duração e que, mesmo diante do colorido dos seus personagens, aborda temas bastante duros para a infância, no entanto, tem a vantagem de não perder a leveza ao abordá-los com personagens tão melancólicos quanto carismáticos. Para começar nós descobrimos qual o motivo do pequeno Abobrinha ir parar num orfanato. Ele, com medo de levar uma bronca da mãe, acaba tomando uma atitude que mudará sua vida para sempre. Chegando lá ele encontra um grupo de crianças que também tiveram realidades complicadas, uma foi abandonada, outra está no orfanato por medida protetiva da justiça, outra teve a mãe deportada e... por aí vai. No entanto, o maior mérito do filme de Claude Barras é não descambar para o melodrama (o que seria muito fácil e até comovente), mas optar por abordar seus personagens também nas pequenas alegrias que encontram naquele ambiente desolador. Entre uma brincadeira e outra, uma aventura, uma festinha, um passeio na neve, os personagens lidam com o seu cotidiano de forma esperançosa, numa vida que segue o fluxo naturalmente. O resultado é um filme que toca o espectador pela simplicidade e o tom singelo ao abordar situações delicadas. Em termos de técnica o filme também impressiona pelos detalhes, seja na expressividade dos bonecos, dos figurinos ou dos cenários e na trilha sonora que nunca se excede. Mas o que confere um sabor realmente especial à história é a união que se estabelece entre os personagens através da amizade. Juntos, os pequenos e os adultos que aparecem no decorrer da trama formam uma espécie de família, onde se importar com o outro é o que realmente traz alegria.
Minha Vida de Abobrinha (Ma vie de Courgette/França-Suíça) de Claude Barras com vozes de Gaspard Schlatter, Sixtine Murat, Paulin Jaccoud e Raul Ribera. ☻☻☻
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