Para fechar o nosso Ciclo Diretoras de 2018, preparei uma continuação de nossa lista no ano passado com outras diretoras que merecem atenção. Escolhi alguma que já apareceram aqui no blog e que pouca gente conhece (apresentadas em ordem alfabética):
Em tempos em que as pessoas acham 50 Tons de Cinza a coisa mais ousada que o cinema já produziu [sic], vale a pena conferir O Livro das Revelações em que a diretora australiana aborda a estranha história de um homem raptado por misteriosas mulheres - dispostas a usa-lo para para satisfazer seus desejos mais secretos. Suspense e erotismo se misturam com perfeição. Ana tem quatro filmes no currículo e também é conhecida por seus trabalhos como documentarista e por séries de TV em sua terra natal.
Courtney nasceu em Memphis e chamou atenção de todo mundo quando Rio Congelado foi premiado no Festival de Sundance. A história dramática de uma mulher que transporta imigrantes ilegais sobre um rio congelado foi um dos mais aclamados daquele ano e rendeu à diretora uma indicação ao Oscar de roteiro original. A diretora tem realizado vários trabalhos para TV em séries renomadas como Law & Order, Em Terapia e Fear the Walking Dead. Ela lançou seu segundo filme em 2016 (Versões de um Crime com Keannu Reeves e Renée Zellwegger).
Filha de mãe iraniana e pai francês, Emily nasceu na Alemanha ainda dividida pelo muro de Berlim. Ela chamava atenção com seu primeiro filme (o denso Molly's Way/2005). Para mostrar que seu interesse estava em histórias fortes tendo mulheres como protagonista, ela filmou O Estranho Sobre Mim, um filme sobre as dores da depressão pós-parto. O filme fez sucesso desde a exibição em Cannes e se tornou um marco sobre o tema no cinema, especialmente pelo tom de angústia.
Jennifer era um rosto conhecido em séries de TV e comédias indies no século XXI, mas ficou mais conhecida como a esposa do ator Jon Hamm nos últimos anos. Sentindo que estava na hora de algo mais, ela estreou na direção com a comédia Solteiros com Filhos. Além de dirigir ela escreveu e produziu o filme onde demonstrou bom humor e talento para conduzir uma história cheia de personagens. Além disso, entre uma piada e outra, tem segurança para abordar assuntos sérios.
A australiana Kim Farrant dirige documentários desde os anos 1990 e planejou por dez anos sua história num longa de ficção. O resultado colheu elogios ao ser exibido no Festival de Cannes ao contar a história de uma família que tenta encontrar dois filhos desaparecidos em meio ao deserto australiano. O filme mistura suspense, drama e um pouco do folclore da região, além de contar com um trabalho marcante de Nicole Kidman na pele da mãe que revela seus segredos e temores aos poucos.
Nascida em Toronto, a diretora canadense tem apenas um filme no currículo e ele conta a história real de Kathryn Bolkovac, mulher que serviu como agente pacificadora no pós-guerra da Bósnia e se deparou com uma rede de tráfico de mulheres envolvendo sequestros, prostituição e poderosos. O filme é tenso e assustador pelo seu tom de denúncia. Desde então Kondracki coleciona trabalhos nas melhores séries da TV americana (Walking Dead, The Americans, Gotham, Legion, Halt And Catch Fire...), resta torcer para que ela volte a fazer filmes.
Filha do renomado diretor Luis Puenzo (do oscarizado A História Oficial/1985), Lucía estreou no cinema com este drama sobre um jovem intersexual (o antigo hermafroditismo) que na puberdade começa a se interessar por outros meninos, mas... não do jeito que você imagina. Lucía tem sensibilidade e firmeza de sobra na condução do filme que foi escolhido pela Argentina para concorrer ao Oscar. Depois ela dirigiu o ótimo O Médico Alemão (2013) e continua merecendo atenção especial dentro do renomado cinema argentino.
Nicole é conhecida no cinema independente americano desde os anos 1990. Ela já dirigiu seis filmes, geralmente centrado em mulheres em situações cotidianas que podem ganhar contornos surpreendentes. Sentimento de Culpa é meu filme favorito da diretora. É o mais cheio de nuances ao contar uma história que mistura interesses mesquinhos, solidariedade e envelhecimento de forma bastante natural e envolvente. O tempo só tornou o estilo da diretora ainda melhor.
Recentemente a francesa Sophie filmou o clássico Madame Bovary. Foi um passo curioso para uma cineasta que criou um dos filmes mais originais da década anterior. O excepcional Almas à Venda conta a história de um ator que queria extrair sua alma e ter outra - no caso a de um russo que lhe ajudasse a incorporar um personagem. Depois... melhor você assistir ao filme (que surpreende ainda mais quando descobrimos que ela mora em Manhattan com o esposo, o descendente de ucranianos Andrij Parech).
Faz dez anos que a cineasta alemã dirigiu seu primeiro longa-metragem de ficção e... ainda aguardo seu passo seguinte. Cores no Escuro rendeu para ela algumas indicações a prêmios na Alemanha e foi bastante merecido. O filme é bastante sutil ao abordar um casal maduro que viveu quase a vida inteira juntos e temem a chegada de uma inevitável separação. Espécie de ensaio do momento da despedida, o filme capricha nos silêncios e no ritmo desacelerado, mas a atuação de Bruno Ganz e Santa Berger fazem do filme um verdadeiro deleite. Um trabalho tão difícil quanto belo.
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