Dois irmãos: fantasia nonsense sobre a chegada do irmãozinho.
Para ser sincero, não tive a mínima vontade de assistir O Poderoso Chefinho no cinema. Achei a ideia de ter como protagonista um bebê tirano uma ideia muito manjada e ignorei o filme completamente. Também não li crítica alguma sobre ele e... o filme começou a chamar minha atenção quando apareceu nas premiações. Ri de mim mesmo quando descobri que a minha ideia poderia ser até o ponto de partida do filme, mas segue por caminhos completamente diferentes, investindo pesado em algo mais do que na comédia de fantasia. Investe no nonsense mesmo. O resultado é um tanto desgovernado e, por isso mesmo, bastante divertido por surpreender a plateia com uma sucessão de acontecimentos imprevisíveis, tendo como estopim a desconfiança constante do irmão mais velho de que o caçula recém-chegado é na verdade um grande conspirador para dominar a casa. O roteiro de Michael McCullers (baseado no livro de Marla Frazee) poderia até ser visto como uma mera fantasia infantil, mas ele investe em algo mais, investe nos absurdos como parte da realidade daqueles personagens. No entanto, em cenas em que a fantasia se revela - como a hilária perseguição na grama - tornam o filme ainda mais interessante, justamente por não apresentar uma versão da realidade, mas a forma como a criança enxerga o mundo. Já no início quando os bebês são preparados para vir ao mundo, percebemos que vesti-lo com terno e gravata não pode ser o início de um filme comum. Logo depois, O Poderoso Chefinho (com voz de Alec Baldwin) chega à casa dos seus pais e do seu irmão, Tim. Desde o início, o irmão acha aquele bebê muito esquisito e desconfia que existe algo de muito grave por trás dele. Assim, ele descobre que existe uma verdadeira conspiração dos bebês para permanecerem pequenos para sempre, sendo servidos eternamente pelos seus pais. No entanto, o número de pessoas que preferem ter um bicho de estimação a um filho é cada vez maior, o que impede que novos bebês cheguem ao mundo e tornem os planos de dominar os adultos cada vez mais comprometidos. E por aí vai. O Poderoso Chefinho não tem limites para a criatividade e não tem medo de perder as estribeiras pelo meio do caminho. De citações à Matrix, passando por toques de Missão: Impossível, M.I.B. e outras inspirações, o filme segue um caminho completamente inesperado e deliciosamente fantasioso sobre a forma como um menino lida com a ideia de ter um irmãozinho. O filme concorre ao prêmio de melhor longa de animação no Oscar, mas dificilmente levará o prêmio - porém, tem o roteiro mais inventivo entre os seus concorrentes. Pura diversão.
O Poderoso Chefinho (Boss Baby/EUA-2017) de Tom McGrath com vozes de Alec Baldwin, Miles Bakshi, Lisa Kudrow, Tobey Maguire, Jimmy Kimmel e Steve Buscemi. ☻☻☻☻
Nenhum comentário:
Postar um comentário