Margot e Finn: amor bandido. |
Revelada para Hollywood com o aval de Martin Scorsese, a australiana Margot Robbie aprendeu rápido que se quisesse fugir do papel de "a mulher linda do filme" teria que partir para produção. Assim, ela continua linda, mas escolhe papéis em que demonstra o motivo de ser uma das atrizes mais interessantes do cinema dos Estados Unidos. Assim, ela produziu Eu, Tonya (2017) que lhe rendeu a primeira indicação ao Oscar de sua carreira (a segunda veio com O Escândalo/2019) - vale lembrar que ela também é produtora do oscarizado Bela Vingança (2020) e faz um tempinho que chegou no Amazon Prime Video este Dreamland em que vive uma fugitiva da polícia no período da Grande Depressão da economia norte-americana. Aqui ela e o parceiro (Garrett Hedlund) precisam lidar com as consequências de um assalto a banco mal sucedido. Enquanto fogem, algumas vítimas ficam pelo meio do caminho e ela termina se escondendo em um celeiro. Logo o jovem Eugene (Finn Cole) a conhece e tenta ajuda-la e, logicamente, irá se apaixonar por ela até que problemas acontecem como em todo amor bandido. Fosse apenas sobre o relacionamento dos dois já estaria de bom tamanho, mas o filme quer mais. Ele tenta explorar o conflito entre Eugene e o padrasto policial (Travis Fimmel), a insatisfação do rapaz em viver num lugar em que nada acontece e ainda é narrado pela pela irmã de Eugene especulando sobre os sentimentos do casal. O início do filme é bastante promissor, mas depois quando o romance precisa se destacar, o filme se torna cada vez menos interessante - e a perseguição policiar vira o nosso maior interesse na reta final (e nem é grandes coisas). Dreamland tem alguns detalhes interessantes, como a ideia de inverter os papéis e deixar o papel de frágil para o rapaz da história, mas convenhamos que Finn Cole é engessado demais para convencer no papel e o pior, não tem química alguma com Margot Robbie (o que seria fundamental para que o filme funcionasse). Enquanto a trama amontoa referências a filmes do gênero, Margot segue plena com seu porte e sorriso de diva do cinema, pena que ao seu redor os outros personagens não se desenvolvam tão bem no andamento que se torna cada vez mais esquemático e previsível. É verdade que o filme tem seus bons momentos, como transmitir a a sensação de estarmos no centro de uma tempestade de areia e ousa fazer uma cena de banho em que a câmera concentra-se no rapaz e deixa sua estrela fora da tela quase o tempo todo. O diretor Miles Joris-Peyrafitte (que antes chamou atenção com As You Are/2016 - que eu assisti quinze minutos e dormi) demonstra ser esforçado para manter a trama funcionando, mas paga o alto preço do longa parecer com tantos outros.
Dreamland (EUA/2019) de Miles Joris Peyrafitte com Margot Robbie, Finn Cole, Travis Fimmel, Kerry Condon e Garrett Hedlund. ☻☻☻
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