Wiest, Adam e Jodie: estreia promissora como cineasta.
Pode se dizer que profissionalmente o ano de 1991 foi o mais transformador da carreira de Jodie Foster. Além de ser o ano em que ela estrelou o antológico O Silêncio dos Inocentes/1991 - que lhe rendeu segundo Oscar de Melhor atriz da carreira - ela também estreou como cineasta com este Mentes que Brilham. O filme conta a história de uma mãe solteira que começa a lidar com o fato de seu filho ter altas habilidades. Tendo um vida comum a maioria dos mortais Dede Tate (Jodie Foster) vê a vida de seu filho transformada quando notam que ele não é apenas mais inteligente que as outras crianças da sua idade, como mais até do que a maioria dos adultos que estão por perto também. Neste ponto, Jodie faz a mãe atenciosa e amorosa, mas que começa a questionar se o que ela pode oferecer ao seu filho, Fred (Adam Hann Byrd), é o suficiente para que ele alcance plenamente seu potencial. Desde que ele era muito pequeno, Dede percebia que ele era diferente das outras crianças, mas não sabia exatamente o que fazer com ele. É neste ponto que surge Jane Grierson (Dianne Wiest), espécie de mentora do pequeno Fred Tate, que será capaz de lapidar sua genialidade e fazer por ele o que a mãe não seria capaz de fazer sozinha. Neste ponto, surge um dos pontos mais interessantes o roteiro de Scott Frank (aqui em um dos seus primeiros trabalhos no cinema, bem antes de ser indicado ao Oscar por Irresistível Paixão/1998 e Logan/2017, além da consagração com a minissérie O Gambito da Rainha/2020), já que apesar de todas as habilidades, Dede percebe Fred como uma criança a ser amada como filho e Jane o vê como um gênio a ser estimulado. Conforme a trajetória do menino "progride" longe da mãe, o filme mergulha numa melancolia que é ressaltada ainda mais pelo tom da narrativa sóbria e a fotografia de cores frias. Some isso ao desempenho de Adam Hann Byrd (que depois fez apenas outros sete filmes e dedica-se mais à carreira de roteirista, inclusive de jogos de video game) que constrói um personagem infantil interessantíssimo, com poucas palavras, grande seriedade e um olhar um tanto perplexo diante das pessoas que o cerca e o filme fica ainda mais interessante. Adam e Jodie constrói uma bela dinâmica durante todo o filme que funciona como uma espécie de crônica, sem pesar a mão e sabendo utilizar pontos cômicos para ganhar a simpatia da plateia. Jodie demonstra bastante segurança como diretora, não faz firulas ou invencionices e apresenta pleno controle do que deseja apresentar. No entanto, é um trabalho interessante e um tanto na contramão do que se esperava em sua estreia atrás das câmeras. No entanto, muito da trajetória do "homenzinho Tate" (numa tradução fiel do título em inglês), reflete bastante da trajetória da própria Jodie, que desde muito cedo foi considerada uma garota prodígio e precisou fazer sua própria jornada para encontrar sua identidade perante o que se esperava dela. Pena que no filme seguinte (Feriados em Família/) ela enveredou por uma comédia que não funcionou como o esperado. No entanto, seus trabalhos em Um Novo Despertar (2011) e Jogo do Dinheiro (2016) provaram cada vez mais o interesse de Jodie em trabalhar atrás das câmeras nos últimos anos. Mentes Que Brilham pode ser considerado uma das melhores estreias do cinema americano.
Mentes que Brilham (Little Man Tate / EUA - 1991) de Jodie Foster com Jodie Foster, Adam Hann Byrd, Dianne Wiest, Nathan Lee e Harry Connick Jr. ☻☻☻☻
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