quinta-feira, 6 de maio de 2021

PL►Y: A Família Mitchell e a Revolta das Máquinas

Os Mitchell e seus robôs escudeiros: apocalipse tecnológico. 

A Família Mitchell e a Revolta das Máquinas foi um dos casos de filmes que foram constantemente adiados em seu lançamento nos cinemas por conta da pandemia. Depois de tantas mudanças, o filme terminou comprado pela Netflix e estreou recentemente. Foi logo alçado ao posto dos mais vistos da plataforma. Assistindo a produção é fácil entender o motivo do sucesso, a começar pela qualidade que comprova o salto de qualidade (e estilo) que a Sony adotou desde o lançamento do impressionante Homem-Aranha no Aranhaverso (2018) - que trouxe inovações consideráveis para o trabalho em animação. Aqui nós conhecemos Katie Mitchell, adolescente que acaba de ser aprovada na faculdade de cinema e percebe nisso uma oportunidade de ter sua liberdade longe da família, no entanto, ela não imagina que uma Inteligência Artificial com sede de vingança irá deixa-la mais tempo perto dos pais - e com a complicada missão de salvar o mundo. Colorido, ágil (às vezes até demais) e divertido o filme chega a quase duas horas de duração com uma facilidade invejável. Para além do ritmo de aventura, transbordam piadas sobre a forma como lidamos e nos tornamos dependentes da tecnologia (impressionante o poder de atração de um wi-fi gratuito ou o desespero quando ele é desligado), além de brincar com a forma como os pais enxergam isso (seja se comparando com a família próxima que sempre parece melhor nas fotos das redes sociais ou com a alegria com que podem destruir o celular dos filhos). Mas debaixo de tudo isso, existe uma família que precisa também fortalecer seus laços em tempos de tanta tecnologia. Os Mitchell podem representar uma infinidade de famílias de um mundo conectado o tempo inteiro e isso ajuda muito na identificação da plateia, seja infanto-juvenil ou adulta (que também se divertirá muito com o filme, talvez até mais do que os pequenos que não devem entender todas as referências, né Furby?). Para além disso, ainda tem uma interpretação vocal deliciosa de Olivia Colman como a inteligência artificial que se recusa a ser descartada e orquestra uma vingança inusitada contra a humanidade (nem vou falar muito porque já declarei que sou fã de Olivia faz tempo e acho que ela me convence até interpretando um poste). Sobre a vingança em si, vale destacar a profusão de citações a outros filmes do gênero (Eu, Robô, Matrix, Black Mirror e por aí vai) alcançando por vezes um resultado engraçadíssimo. Certamente se o filme houvesse chegado às salas de cinema seria um sucesso - e a torcida para as premiações do próximo ano já começaram (assim como a esperança de uma sequência). Confesso que gostei mais da segunda metade do longa, quando tudo se torna mais absurdo e debochado. É impressão minha ou quando a tecnologia perde as estribeiras, ela se torna muito mais divertida? (pelo menos no cinema). 

A Família Mitchell e a Revolta das Máquinas (The Mitchell Vs The Machines / EUA-2021) de Michael Rianda e Jeff Rowe com vozes de Abbi Jacobson, Danny McBride, Olivia Colman, Maya Rudolph, Michael Rianda, Eric André e John Legend. 

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