sábado, 12 de junho de 2021

#FDSérie: Special

 
Jenkins e Connell (ao centro): série para deixar saudades. 

Foi com enorme tristeza que me despedi do seriado Special da Netflix. Descobri a série meio que por acaso, assim que ela estreou em 2019 e fiquei muito feliz quando foi renovada para a segunda temporada, que foi adiada por conta da pandemia de Covid-19 e depois foi finalizada com a notícia de que seria a última a ser produzida. Na segunda temporada a sensação de despedida me deixou a impressão de que o seriado poderia continuar por várias temporadas frente à temática única que tomou para si. Afinal, quantas vezes você viu uma comédia sobre um rapaz gay com paralisia cerebral e seus dilemas para viver a vida que sempre quis? Esta foi a ideia de Ryan O'Connell que depois de ganhar a vida como roteirista de séries para TV (como Awkward, Daytime Divas e o sucesso Will & Grace) resolveu passar para a frente das câmeras e acumular as funções de produtor, roteirista e ator. O resultado da primeira temporada (curtinha com oito episódios de pouco mais de vinte minutos cada), lhe rendeu uma indicação de atuação no EMMY e outra enquanto produtor da série. Na série, Ryan vive Ryan Hayes um rapaz que trabalha para um site que pretende ser descolado, mas o rapaz ainda precisa resolver algumas questões sobre a forma como lida com a paralisia cerebral, sua homossexualidade e até com sua mãe (um ótimo trabalho de Jéssica Hecht que foi indicada ao Emmy de atriz coadjuvante). Assim como o personagem, Ryan também possui paralisia cerebral, passou por cirurgias e outras situações para conviver com ela da melhor forma possível e aqui demonstra abordagens que só seriam possíveis através das vivências que acumulou ao longo da vida, assim a série retrata a forma como precisa lidar com o mundo ao seu redor e como este mundo lida com ele. Assim, quando inicia um relacionamento ou se envolve em alguma desventura, Ryan deixa claro que não é definido por esta ou aquela característica, mas pela junção de tudo que ele é. Por isso, torna-se ainda mais real a forma como agrega outros fatores ao desenvolvimento de sua personalidade. Neste ponto, o relacionamento com a mãe ganha destaque em vários episódios, por evidenciar como o zelo e a proteção em excesso podem atrapalhar em alguns momentos e tornar alguns desentendimento inevitáveis, seja quando ele decide morar sozinho (e encarar novos desafios) ou quando um novo relacionamento surge na vida dela - e ela fica visivelmente sem saber como lidar  com tudo isso  (afinal se privou destes sentimentos por tanto tempo em nome do filho). Special (que tem o maior jeitão de filme indie) tem outras qualidades que vão para além de sua ideia original e a simpatia de seus personagens, a começar pela naturalidade como explora a vida sexual de Ryan, sem usar de sensacionalismo quando aparece cenas de nudez, sexo, beijos ou diálogos improváveis em outros programas do gênero.  Quem também merece destaque é a melhor amiga de Ryan, Kim (Punam Patel também indicada ao EMMY de coadjuvante pelo papel), uma influenciadora digital que foge dos estereótipos e ajuda a caminhada de Ryan em encontrar a si mesmo como uma espécie de fada madrinha de carne e osso. No fim das contas o que Ryan e todos os outros personagens só querem ser amados pelo que são, igual a você, eu e todos os outros ao nosso redor.  Se você achou a primeira temporada curta, a segunda é ainda menor (seis episódios um pouco mais longos) e deixa aquela sensação que o programa tinha material para várias temporadas. Por enquanto terei que me contentar em criar novas histórias para Ryan na minha cabeça - e para Tanner (Max Jenkins) também. Elogiada pela crítica, mas sem a audiência esperada (talvez por ser muito fora da caixinha) a série só não é melhor por terminar na segunda temporada.   

Special - 1ª e 2ª Temporadas de Ryan O'Connell com Ryan O'Connell, Jessica Hecht, Punam Patel, Marla Mindelle, Patrick Fabian e Max Jenkins. ☻☻

Nenhum comentário:

Postar um comentário