Charlie e Katherine: adolescentes prestes a explodir.
Uma das coisa mais comuns de serem relatadas pelos adolescentes é a pressão que sofrem com a proximidade da vida adulta. A busca pela própria identidade, a relação com os grupos para além do núcleo familiar, os anseios, as ambições, a hipervalorização da vida social, o término do Ensino Médio e a chegada do Ensino Médio, problemas de auto-estima, vida sexual, frustrações, somada à sensação de impotência pode gerar ansiedade, depressão entre outras coisas... a vida não é fácil perante a explosão hormonal típica da idade. Agora, imaginem que diante este quadro, os adolescentes começassem a explodir, literalmente. Esta é a ideia por trás de Espontânea, filme de Brian Duffield com base no livro de Aaron Starmer, que foi considerado por alguns o filme mais sangrento do ano passado. O título é bastante merecidos, já que boa parte do elenco explode durante a trama, mas engana-se quem pensa que se trata de um filme de terror, muito pelo contrário o filme é bastante bem-humorado e acaba funcionando como uma comédia romântica adolescente com bastante... digamos, ketchup. A protagonista da história é Mara (Katharine Langford da série 13 Reasons Why), adolescente que tem como melhor amiga Tess (Hayley Law) e conhece a primeira jovem explosiva (ou explodida?) desde que começou a estudar. Enquanto a polícia e o governo buscam explicações para o que aconteceu, Mara acaba se aproximando do simpático Dylan (Charlie Plummer), um jovem cinéfilo que percebe naquele momento desesperador a fonte de coragem para declarar o seu amor para Mara - que está bem longe de ser a jovem ingênua e bobinha que aparece neste tipo de filme. Desencanada, a postura de Mara somada à leveza de Dylan são os pontos que tornam o filme uma verdadeira colagem de gêneros, que vai da comédia adolescente, ao suspense e até ao romance. Repleto de citações cinematográficas (Cronenberg, E.T., Carrie, Traffic...) o filme se desenrola muito bem até o momento em que precisa caminhar para o seu desfecho e a queda de ritmo torna-se considerável. Por outro lado é um grande prazer finalmente ver um romance adolescente em que alguém não está padecendo de uma doença degenerativa e o diretor pesa a mão para que o filme seja levado a sério. Espontânea não é nada disso, trata-se de uma alegoria sobre todo o peso que os adolescentes sentem sobre os ombros e a estranha sensação de que estão prestes a explodir. Embora o final não seja tão bacana quanto o resto da sessão, as performances de Langford (que adoro pelo fato de não parecer com a maioria das jovens atrizes de Hollywood, além de dona de uma elegância juvenil que faz toda a diferença) e Plummer (que não tem parentesco com o veterano Christopher Plummer) merecem a torcida da plateia durante toda a sessão enquanto o sangue jorra na câmera.
Espontânea (Spontaneous/EUA-2020) de Brian Duffield com Katherine Langford, Charlie Plummer, Hayley Law, Yvonne Orji, Piper Perabo, Peter Bundic e Rob Huebel. ☻☻☻
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