domingo, 27 de junho de 2021

PL►Y: À Segunda Vista

 
Ryan e Iliza: de amores e disfarces.

De vez em quando eu comento aqui no blog a minha dificuldade em ficar satisfeito com as comédias recentes. Geralmente considero as produções tão bobas, infantis, cheias de baixaria e repetitivas que não consigo encontrar motivos para dar risada. Então, quando resolvo encontrar algo para rir eu começo a ver uma comédia por uns dez minutos e, se a risada não aparecer, eu parto para outra. Para outra. Para outra... e geralmente eu termino vendo uma reprise ou outro tipo de filme. Eis que, ontem vagando na Netflix encontrei um filme que nunca ouvi falar com atores pouco conhecidos entre as produções mais vistas do serviço de streaming. À Segunda Vista conta a história de Andrea (Iliza Shlesinger), uma comediante de stand up (que ao que parece é mesmo a origem de Iliza no showbizz) que deseja ter mais reconhecimento e estabilidade em sua carreira de atriz. Se a profissão está meio estagnada, a vida amorosa também não avança muito. Ela também começa a sentir o peso da idade aos 34 anos, principalmente por todo mundo repetir que ela parece ter 35... no meio de tanta mesmice ela conta com a companhia da amiga Margot (Margaret Cho atriz fashionista que por um tempo apresentou o Fashion Police). Eis que numa viagem de avião, Andrea conhece o engravatado Dennis (Ryan Hansen), que de início parece ser um fã, mas aos poucos demonstra ter outros interesses por ela. A partir daí o filme irá se desenvolver como uma comédia romântica com um tom mais ácido e debochado, seja quando Andrea percebe que começa a ficar atraída por Dennis, embora ele esteja bem longe de ser o tipo que ela gosta. Se por um lado Iliza faz de tudo para se distanciar da heroína romântica que estamos acostumados a ver neste tipo de filme (ela está bem longe de ser ingênua e sonhadora), por outro lado o galã Ryan Hansen faz de tudo para esconder seu sex appeal, estão lá o cabelo lambido para o lado, o óculos sem graça, os ternos sem estilo, a barriga de espuma para disfarçar o físico de atleta e apela até para um dublê de corpo naquela  tradicional cena da piscina (e todo este disfarce do ator até faz parte da maior piada do filme), mas o fato é que debaixo de tudo isso é impossível não simpatizar por Dennis e torcer para que o romance se instaure... mesmo que logo depois o filme comece a indicar cada vez mais que aquele homem não é bem o que ele diz. Nesta parte o filme derrapa um pouco, já que Andrea era apresentada como uma mulher bem mais esperta que sacaria o que estava acontecendo rapidinho... mas tudo bem, imagine que ela estava cega de amor e por isso era fácil de ser enganada [sic]. O filme conta com um ótimo elenco de apoio e a diretora Kimmy Gatewood (que é também uma atriz esperta que já apareceu em Glow e Atipical, ambas da Netflix) consegue imprimir um ritmo agitadinho fluente durante a sessão. Confesso que vou ficar de olho nos novos trabalhos de Iliza Schlesinger, seu senso de humor é esperto, sem apelações e não me lembrava de tê-la visto em outras produções (inclusive em Pieces of a Woman/2020 filme que adoro e que também está na Netflix). À Segunda Vista  não vai revolucionar o gênero ou se tornar inesquecível, mas consegue dar uma sacudida no tipo de filme sempre castigado pela mesmice e, por isso mesmo, recebe o dificílimo selo de aprovação deste que vos escreve. Recomendo. 

À Segunda Vista (Good on Paper / EUA -2021) de Kimmy Gatewwod com Iliza Schlesinger, Ryan Hansen, Margaret Cho, Rebecca Rittenhouse, Adam Ray e Beth Dover. ☻☻☻

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