sábado, 19 de junho de 2021

NªTV: Sweet Tooth

 
Stefania, Christian e Nonso: a fantasia pandêmica na Netflix. 

Sucesso nas últimas semanas na Netflix (e forte candidata à série mais fofinha do ano), Sweet Tooth nem é tão fofa assim. O fato é que a história da criança que nasce com chifres e orelhas de servo e precisa se esconder com o pai no meio do nada para continuar vivo tem aqueles elementos de fantasia e suspense que de vez em quando casa tão bem na gigante do streaming. Além do protagonista infantil de aparência curiosa, outros fatores também ajudam a chamar atenção para o  programa. A começar por uma misteriosa pandemia que começa a dizimar parte da humanidade e que passa a ser chamada de "flagelo". A misteriosa enfermidade também é responsável pelo tom crescente de paranoia e faz com que pessoas que sempre se deram bem sejam capazes de ações escabrosas. No entanto, não é só de flagelo que vive a sociedade imaginada na história, já que junto a isso, as crianças começaram a nascer híbridas, carregando características de animais e provocando grande estranhamento, além da suspeita de que estas serem as grandes responsáveis pela contaminação da humanidade. Portanto neste mundo imaginário da história em quadrinhos criado pelo canadense Jeff Lemire em 2009, existem aqueles que querem exterminar os híbridos, pessoas que tentam protegê-las e pessoas empenhadas para descobrir a cura da terrível doença. Sim, Sweet Tooth possui suas semelhanças com o estranho mundo que vivemos desde março de 2020 e foi filmada durante a pandemia na Nova Zelândia que, como todos sabem, teve uma postura exemplar na contenção do Coronavírus e foi o primeiro país a livrar-se dele. Para além da situação de saúde mundial e seus protocolos de segurança, o grande desafio era determinar o público alvo da série e evitar que a violência presente na trama afugentasse os mais jovens. O incrível é que o programa adaptado por Jim Mickle e Beth Schwartz acerta no tom, deixando que ganhe a embalagem de uma produção infanto-juvenil, mas capaz de atrair a atenção dos adultos que são capazes de torcer pelo adorável menino de chifres, o Gus (o fofo Christian Convery de onze anos). A vida de Gus vira do avesso quando ele precisa se virar sozinho no mundo hostil que o pai (um bom trabalho de Will Forte) sempre tentou deixá-lo afastado, afinal, o menino pretende encontrar a mãe que não faz a mínima ideia de onde ele está. Claro que atrás dele terá um bando de malvados e ao seu lado um punhado de tramas paralelas que ne sempre ajudam a produção a manter o ritmo adequado para prender a atenção em seus oito episódios. Criado como um eficiente entretenimento, Sweet Tooth é uma produção caprichada, engenhosa na construção de seu mundo particular e cheia de possibilidades a serem exploradas em sua próximas temporadas. Se (a demorada) Stranger Things ainda ocupa o posto de série favorita da Netflix ao redor do mundo, Sweet Tooth tem chances de ameaçar este posto em breve. 

Sweet Tooth (Estados Unidos / 2021) de Jim Mickle e Beth Schwartz com Christian Convery, Will Forte, Nonso Anozie, Stefania LaVie Owen, Dania Ramirez, James Brolin e Adeel Akhtar. ☻☻☻☻

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