Michelle e Lucas: pendengas familiares a resolver. |
Quando foi anunciada a versão cinematográfica do best-seller French Exit do americano Patrick DeWitt muita gente ficou animada. Quando Michelle Pfeiffer foi escalada para viver a protagonista as expectativas foram nas alturas e a colocaram na lista de favoritas para o Oscar 2021... mas bastou o filme ser exibido no Festival de Nova York para que as opiniões se dividissem. Confesso que ouvi tantas críticas ao filme (no entanto, sempre destacando o trabalho oscarizável de Pfeiffer) que quando o assisti o achei bem melhor do que eu esperava. Já lançado em plataformas digitais por aqui com nome de Saída à Francesa, o filme é uma espécie de comédia amalucada que peca por sua instabilidade quando o desfecho começa a ser necessário e o diretor insiste em continuar. O cineasta Azazel Jacobs quase cometeu o mesmo erro em The Lovers/2017, mas soube contornar o problema em seus 97 minutos de duração. Aqui o efeito é um tantinho mais problemático por se levar mais a sério do que deveria em quase duas horas de duração, no entanto, o trabalho de Michelle e Lucas Hedges consegue prender a atenção quando o ritmo começa a ser um problema em situações pouco interessantes que fazem o filme beirar duas horas. Aqui acompanhamos a viúva Frances Price (Michelle Pfeiffer que foi indicada ao Globo de Ouro de melhor atriz pelo papel), uma beldade que se tornou uma espécie de celebridade na alta sociedade de Nova York décadas atrás, mas desde a morte do esposo (Tracy Letts), Frances está fora do eixo. Não sabe muito bem o que fazer com o tédio de seus dias na companhia do filho, Malcolm (Lucas Hedges) e o gato Frank. Eis que ela aceita a ideia de uma amiga para passar uma temporada em sua casa na França e desde a sua viagem ela começa a conhecer novas pessoas e revelar um pouco mais de suas esquisitices. A começar pelo gato (que tem uma particularidade que não vou dizer para não estragar a surpresa) e aquela mania de dar grandes quantias de dinheiro para estranhos que lhe despertam alguma simpatia - esta mania talvez seja por Frances ter problemas sérios em se relacionar com outras pessoas, foi assim com o esposo, com o filho e até com uma socialite que deseja ser sua amiga em território francês, mas enquanto ela precisa resolver suas questões (afinal a localização geográfica muda, mas os problemas são internos e não externos), Malcolm também tem seus próprios dilemas para lidar (seja o noivado que ficou pelo meio do caminho para acompanhar à mãe ou a rejeição paterna mal resolvida até hoje). Por deixar algumas possibilidades pelo caminho, Saída à Francesa soa como uma brincadeira com a bolha dos endinheirados americanos, seu estilo de vida e excentricidades (em alguns momentos o filme me lembrou muito A Estranha Família de Igby/2002). O filme se embola quando passa a retomar personagens sem muito propósito e poderia terminar naquela cena em que Frances caminha pelas ruas francesas (uma trilha sonora mais presente no início também faria milagres para criar empatia pela produção), no entanto, do jeito que está, pode ser visto como um filme interessante para passar o tempo, com o mérito de ter uma grande atriz que parece cada vez mais subestimada em Hollywood.
Saída à Francesa (French Exit/EUA-2020) de Azazel Jacobs com Michelle Pfeiffer, Lucas Hedges, Tracy Letts, Danielle MacDonald, Imogen Poots, Valeria Mahaffey e Susan Coyne. ☻☻☻
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