Michael e Kathleen: parceiros de longa data. |
Foi com tristeza que me despedi hoje da última temporada de O Método Kominsky da Netflix. Confesso que quando foi lançado eu assisti ao primeiro episódio e não me empolgou a ideia de ver Michael Douglas como um professor de atores que lidava com o amigo rabugento vivido por Alan Arkin. No entanto, no meio da pandemia, retomei a série e foi um verdadeiro deleite. Não apenas por ver um programa que ousa brincar com o politicamente incorreto em tempos tão estranhos, como também pela forma cada vez mais lapidada com que conseguia abordar temas centrais complicados como envelhecimento e morte (que sempre pairaram sobre as outras temáticas que eram amizade e sucesso/fracasso - atrelado a não ter problemas financeiros). Pode se dizer que este foi o melhor papel de Michael Douglas desde que fez Minha vida com Liberace (2013) em que encarnava o próprio, ali, ao se aproximar dos temidos setenta anos, o ator percebeu que estava na hora de brincar com a imagem de sedutor que quase sempre lhe coube nas telas. Na pele de Sandy Kominsky é fácil perceber que é uma versão de Michael num universo paralelo, em que foi celebrado por seu trabalho no teatro, mas nunca decolou na carreira diante da câmeras. Se o sucesso não veio para Sandy, a mulherada foi um aspecto marcante de sua vida, especialmente o casamento com a doutora Roz (Kathleen Turner), com quem teve uma filha, Mindy (Sarah Baker) que está prestes a se casar com um homem mais velho (Paul Reiser). O interessante é que em suas três temporadas (as duas primeiras com oito episódios e a última com seis), o programa sobre expandir seus universo, inserindo novos personagens que recebiam o devido destaque não deixando toda a responsabilidade sobre os ombros da dupla protagonista. Mais interessante ainda é como o programa lida de forma bem humorada com aspectos relacionados à idade avançada, o corpo que não funciona como antes, as doenças que começam a aparecer, a busca por novos romances quando o viagra começa a ser mais usado do que você gostaria, a busca pelo reconhecimento e o arrependimento do que poderia ter feito diferente, mas tudo desviando da pieguice de forma surpreendente. Fora isso, a série ainda contou com participações mais do que especiais de atores veteranos (Morgan Freeman, Allison Janney, Jan Seymour, Nancy Travis...) e outros que andavam esquecidos (como Haley Joel Osment provando de vez seu talento cômico bem distante do menininho de O Sexto Sentido/1999). No entanto, o melhor de tudo desta última temporada foi colocar Kathleen Turner em destaque! A atriz que atuou ao lado de Douglas em sucessos como Tudo por uma Esmeralda (1984), A Joia do Nilo (1985) e A Guerra dos Roses (1989) pode não ser mais a beldade de Corpos Ardentes (1981), mas comprova que merecia ser mais lembrada pelos produtores que não a escalam para papéis no cinema. Sua química com Michael Douglas está intacta e ajuda a deixar a tristeza um pouco de lado com a ausência de Norman (Alan Arkin) na temporada. Claro que no desfecho Kominsky merecia ter o seu momento e a série o constrói de forma redondinha quando vista em perspectiva com as temporadas anteriores. Com o cinema olhando cada vez menos para os seus veteranos, Michael Douglas (que sempre foi um produtor esperto) já tem outras produções em vista para a telinha, será Ronald Regan na minissérie Regan & Gorbatchev e também aparecerá em E se..., a aguardada série da Marvel em que viverá novamente o cientista Hank Pym na brincadeira com os caminhos do universo cinematográfico da editora. Aos 78 anos, a aposentadoria de Michael Douglas parece cada vez mais distante.
O Método Kominsky (The Kominsky Method / EUA / 2018-2021) de Chuck Lorre com Michael Doulgas, Alan Arkin, Sarah Baker, Paul Raiser, Kathleen Turner, Nancy Travis, Jane Seymour, Nancy Travis, Elisa Edelstein e Haley Joel Osment. ☻☻☻☻
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