sexta-feira, 22 de julho de 2022

#FDS Na Tela: Thor - Amor e Trovão

 
Taika, Natalie, Tessa e Chris: que os deuses nos protejam. 

Acho que hoje em dia ninguém duvida que o neozelandês Taika Waititi gosta mesmo é da zoeira. Uma zoeira que até aqui ele conseguiu demonstrar que pode ser muito eficiente quando bem estruturada na vontade de entreter de forma inteligente. Foi assim que ele conquistou fama para além do seu país com O Que Fazemos nas Sombras (2014) e ser escalado para colocar o Deus do Trovão da Marvel nos eixos com Thor: Raganarok (2017). Naquele filme, Taika demonstrou que para ele nada era sagrado e Thor (Chris Hemsworth) ressurgia repaginado, regado de humor e um visual colorido que bebia nas HQs mais psicodélicas do herói. Parte dos fãs adorou a empreitada, a outra parte torceu o nariz ao ver o deus nórdico virar uma espécie de comediante. Este segundo grupo deve detestar ainda mais esta nova empreitada de Waititi no universo da Marvel, quanto aos primeiros... parte deles dará as mãos aos segundo. Thor: Amor e Trovão é uma verdadeira bagunça, seja no roteiro ou na narrativa que abraça para si tantos assuntos (alguns tão complicados quanto promissores) mas que mal consegue dar conta do básico: desenvolver os personagens enquanto conta uma história. Desculpem se o que escreverei nas próximas linhas pode parecer uma sucessão de SPOILERS, mas é praticamente a sinopse do filme: O início é bastante promissor ao contar a origem de Gorr (Christian Bale), uma espécie de Jó (aquele da Bíblia) às avessas que após perder tudo que tem se revolta com os deuses após perceber que desejam dos humanos apenas a adoração eterna. De posse de uma espada lendária, Gorr começa a dar cabo de todos os deuses que cruzarem seu caminho (com exceção do Zeus vivido por Russell Crowe, que este estará no caminho do Thor mesmo). Os assassinatos chamam a atenção de Thor que está ao lado dos Guardiões da Galáxia resolvendo pendengas intergalácticas, até que resolve colocar sua vida nos eixos novamente. Enquanto isso na Terra, a doutora Jane Foster (Natalie Portman) sofre com seu tratamento contra o câncer e descobre, por acaso, ser honrada o suficiente para usar o lendário Mjolnir... já Valquíria (Tessa Thompson) transforma Nova Asgard em uma espécie de parque temático até que o vilão da vez apareça para atrapalhar os negócios. Como podem perceber são muitas pontas para o filme dar conta (e tempo ele tem de sobra para fazer isso com suas duas horas de duração), mas tudo é tão superficial e caricato que não chega a empolgar. Parece uma grande colagem de esquetes com piadinhas sobre heróis e deuses, o que deixa o amor de título em último plano. Nem vou citar a pobreza com que a dualidade da morte iminente de Jane é tratada com sua jornada super-heróica, o que chega a ser revoltante para quem imaginava que a oscarizada Natalie Portman finalmente teria o destaque merecido no Universo Marvel. Se Chris Hemsworth começa a cansar com seu humor gaiato, resta para Christian Bale dar alguma dignidade ao filme nas suas cenas mais dramáticas (a primeira e a última). A cena final também é bem borocoxô e não motiva o a imaginar o que está por vir com o Deus do Trovão - coisa que fica a cargo da cena pós-crédito que promete colocar Thor diante do filho de um deus com, digamos, a mesma envergadura que ele. Assim como em Thor: Ragnarok, Taika parece estar brincando com suas action figures, mas desta vez (talvez por ter ganho o Oscar de roteiro adaptado por Jojo Rabbit/2019 e a confiança dos produtores), faltou um coleguinha para dizer que não estava entendendo nada daquela sandice. O pior é que comparado com Doutor Estranho: No Multiverso da Loucura/2022 e Eternos/2021, o filme demonstra mais uma vez que, a cada filme que passa, a Fase 4 da Marvel parece mais perdida em sua expansão. Não é por acaso que após ver o público sair em silêncio da sala de cinema, o único comentário que ouvi foi uma espectadora animada ao dizer "eu vi o bumbum do Thor". Odin deve estar orgulhoso.

Thor: Amor e Trovão (Thor - Love And Thunder / EUA - Austrália / 2022) de Taika Waititi com Chris Hemsworth, Natalie Portman, Christian Bale, Tessa Thompson, Taika Waititi, Russell Crowe, Chris Pratt, Dave Bautista e Jaimie Alexander.   

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