Rudd: um herói meio bandido.
Para início de conversa eu gostei muito de Homem-Formiga, o considerei um acerto maior do que a sequência de Vingadores. Parte disso deve ficar por conta de todas as exclamações que cercaram a produção do herói que era um ilustre desconhecido para quem não conhece mais do que o primeiro time de heróis Marvel. Quem não ouviu alguém dizer "Home-Formiga?! Nunca ouvi falar!" quando começaram as especulações sobre o filme. Por outro lado, quem conhecia o herói estranhou quando o ator Paul Rudd - descoberto pela comédia escrachada do século XXI depois que não decolou como jovem galã apresentado em Patricinhas de Beverly Hills/1995. Eu fui mais além quando soube que o diretor do longa seria Peyton Reed (diretor de comédias como o retrô Abaixo o Amor/2003 e o sucesso Separados pelo Casamento/2006), ou seja, as expectativas para o filme chegaram ao ponto de parecer um pastelão. Sorte que o resultado não é nada disso. Ainda que tenha bastante humor, o filme não tem aquelas piadinhas forçadas que tiraram muito do gás da continuação de Vingadores. No longa de Reed, o humor nasce naturalmente das situações, mas não atrapalham o desenvolvimento da história, ao contrário, a complementa. Vale ressaltar que o filme também se beneficia dos momentos dramáticos de seus mocinhos, especialmente de Scott Lang (Paul Rudd), um ladrão que é libertado depois de passar anos na cadeia. Fora das grades, a vida de Lang se tornou um desastre, perdeu a guarda da filha para a ex-esposa (Judy Greer) que acabou casando com um policial (Bobby Cannavalle). Com dificuldades para ganhar a vida, ele acaba roubando a casa do Dr. Hank Pym (Michael Douglas), sem saber que vestirá o traje do lendário Homem-Formiga. Mas para se transformar no herói que encolhe e se comunica com formigas (isso mesmo, por ondas eletromagnéticas) ele passará pelo treinamento promovido por Pym e a filha deste, Hope Van Dyne (Evangeline Lilly, que eu adoraria que fosse a Mulher-Maravilha, mas... me contento em vê-la como Vespa) que se considera a melhor pessoa para vestir o traje do Homem-Formiga. Pyn e Hope precisam da ajuda de Lang para impedir que Darren Cross (o sempre competente Corey Stoll) produza um traje ainda mais arrojado (e perigoso) que do Homem-Formiga, o Jaqueta Amarela que poderá cair em mãos erradas visto a ganância de Cross. O roteiro do filme traz uma avalanche de referências aos filmes da Marvel lançados até aqui, de Howard Stark envelhecido (pai do Tony vivido pelo Mad Men John Slattery), passando pela Agente Carter (Hayley Atwell) e chegando à elaborada briga do Formiga contra Falcão (Anthony Mackie) o filme não perde o ritmo da diversão que convida o espectador a embarcar na aventura sem ter a inteligência insultada. Obviamente que tudo é absurdo, mas é visível o trabalho que tiveram para justificar cada efeito ou ideia. Visualmente Homem-Formiga bebe na fonte de filmes de ficção científica da década de 1980 (como Querida Encolhi as Crianças/1989 e Viagem Insólita/1987) e a aproveita cada efeito para que o espectador tenha a mesma sensação do personagem quando encolhe (ao pondo de até a experiência de tornar-se subatômico parece plausível visualmente). Tanto cuidado com a produção (incluindo um diretor que se preocupa com o tom tragicômico do personagem e a escolha de um ator carismático na medida certa como Rudd) se explica por ter início aqui a fase dois da Marvel na telona, introduzindo os fatos do aguardado Capitão América: Guerra Civil /2016 (fique na sala até terminar os créditos, o filme tem duas cenas finais importantes para as próximas aventuras do estúdio) e se estenderá até Vingadores 3: Guerra Infinita. Ou seja, Homem-Formiga tem o tamanho ideal para a continuar o legado Marvel no cinema.
Homem-Formiga (Ant-Man/EUA-2015) de Peyton Reed com Paul Rudd, Evangeline Lilly, Michael Douglas, Corey Stoll, Bobby Cannavale, Judy Greer e Michael Peña. ☻☻☻
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