domingo, 11 de junho de 2023

CICLO DIVERSIDADESXL: Mais que Amigos

MacFarlane e Eichner: opostos que se atraem. 

De vez em quando o cinemão do Tio Sam tenta emplacar uma comédia romântica com protagonistas homossexuais. Na grande maioria das vezes a coisa desanda porque fica tudo meio sem sal como uma produção comum do gênero. O conservadorismo de Hollywood deve achar que basta colocar duas pessoas do mesmo sexo trocando alguns beijinhos para que sinta-se realmente inclusiva. Ano passado a expectativa de criar uma comédia-romântica gay de sucesso caiu nas costas de Bros, chamado por aqui de Mais que Amigos, a ideia era bastante ambiciosa: cativar não apenas o público LGBTQIA+ mas também o público hétero em busca de novidades. O sucesso infelizmente não veio (custou 22 milhões de dólares e arrecadou apenas 14 milhões ao redor do mundo), mas a aceitação da crítica (com direito à uma preciosa indicação a Melhor Comédia no Critic's Choice Awards) demonstra que a fórmula gerou boa química, especialmente pelo trabalho de Billy Eichner  e Luke MacFarlane. Eichner vive Bob, que enfrenta dificuldades de manter um relacionamento duradouro. O problema é que os encontros por aplicativo não são mais satisfatórios para ele e os encontros com os amigos parecem ressaltar o quanto todos conseguiram se ajeitar na vida, menos ele. A vida profissional até que vai bem com o convite para administrar o Museu de História Queer de Nova York, embora ele não faça a menos ideia de como direcionar as coisas. Como bom intelectual, Bobby tem mania de problematizar tudo, seus pretendentes, os clichês e ele mesmo. É quando tenta relaxar em uma boate gay que ele conhece o fortão Aaron (Luke MacFarlane), obviamente que ele começa a imaginar que Aaron é um cabeça de vento que só pensa em esculpir o corpão no crossfit, mas os dois se tornam cada vez mais próximos e um interesse inevitável começa a surgir entre os dois. Porém, se os opostos realmente se atraem, existe também a necessidade de um compreender melhor a personalidade do outro, já que Bobby adora falar e Aaron é bem mais calado e travado discreto, além disso, Bobby começa a perceber-se mais inseguro do que imaginava. O texto de Eichner e o diretor Nicholas Stoller começa a engrenar aos poucos, mas quando flui é um verdadeiro emaranhado de piadas bem sacadas sobre aplicativos, estereótipos, rótulos, discussões de gênero, tapas, beijos e tudo mais que aparecer pela frente. Stoller é um craque em comédias que se equilibram no fio da navalha, foi assim com Ressaca de Amor (2008) e Vizinhos (2014), aqui não é diferente ao lidar com um tipo de humor que adora rir de si mesmo. Eichner e Macfarlane estão mais do que convincentes como um casal que tenta se acertar tropeçando em suas diferenças e realiza até um final deliciosamente brega com musiquinha e tudo. Em cartaz no TelecinePlay o filme é uma boa comédia que merece ser descoberta em nome de risadas despretensiosas, além disso, serve para divertir quem está cansado de ver casais gays sofrenteo ao comer o pão que a sociedade heteronormativa amassou. 

Mais que Amigos (Bross / EUA -2022) de Nicholas Stoller com Billy Eichner, Luke MacFarlane, Jim Rash, Miss Lawrence, TS Madison, Dot Marie-Jones, Guillermo Diaz e Debra Messing. 

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