Zachary: tentando explicar o filme para Helen Mirren.
Em uma das entrevistas de divulgação de Shazam! Fúria dos Deuses, a experiente Helen Mirren disse que era incapaz de explicar a história do filme porque era complicada demais. As pessoas achavam graça da afirmação, mas agora que o filme está em cartaz na HBOMax todo mundo pode entender o que a atriz quis dizer: o filme é o caos. A ideia em si é bastante simples: as três filhas do Titã Atlas resolvem procurar quem foi o escolhido pelo Mago (Djimon Houson) para receber os poderes dos deuses e, de quebra, destruir qualquer coisa que cruze o seu caminho. O problema é o que os roteiristas e o diretor David S. Sandberg resolveram fazer a partir disso: um espetáculo de destruição regado a efeitos especiais e muitas piadas sem graça. Se o primeiro Shazam! acertava no tom de matinê e sabia como utilizar seu menino transformado em super-herói para que a coisa funcionasse, aqui ocorre o oposto. Se Billy Batson (Asher Angel) está prestes a completar 18 anos e está preocupado com a vida adulta, quando está na pele do super-herói (Zachary Levi) ele se transforma em um bobalhão. Quatro anos separam os dois filmes, mas para Shazam é como se nenhum dia houvesse passado. Isso pesa consideravelmente para que o filme se torne repetitivo ao emular a mesma piada que funcionou em 2018, mas agora soa mais do que deslocada. Com mais de suas horas de duração o filme consegue ser apenas cansativo com toda destruição e piadinhas a cada dois minutos (se fossem boas pelo menos). Enquanto eu assistia, lembrei de todos os comentários em torno do fracasso do filme e as análises que apontam que os filmes de super-heróis já estão saturados e cansando o público. Não é bem assim. Independente de qualquer gênero, filme ruim já é cansativo por si só, não precisa colocar em perspectiva ou comparar com nenhum outro. O filme me lembrou muito aquela papagaiada que foi Thor: Amor e Trovão (2022) em sua essência de não ter motivo de existir, pelo menos, no meio de tanta ruindade pelo menos tinha Christian Bale fazendo um vilão imponente. Aqui nem isso acontece. Helen Mirren se esforça, mas sua Hespera não tem muito o que fazer. Se a situação está ruim para a oscarizada atriz, imaginem para Lucy Liu na pele de Kalypso que sofre da mais completa preguiça dos roteiristas em lhe dar qualquer nuance. Um pouco mais de sorte teve a Anthea de Rachel Zegler que pelo menos tem algum destaque ao lado de Freddy (Jack Dylan Grazer) que se torna o único personagem com quem você se importa ao longo do filme. Tudo é tão jogado (só de lembrar de como as aparições da Mulher Maravilha são ruins dá vontade de chorar) e caótico que fica fácil entender porque a Warner/DC resolveram refazer seu Universo (des)Integrado por completo. Antes que James Gunn passe a borracha em tudo, ainda teremos Aquaman2 (quem mantem minhas expectativas baixas) e aguardado filme solo do Flash. Os Deuses devem estar realmente furiosos.
Shazam! Fúria dos Deuses (Shazam! Fury of the Gods/ EUA - 2023) de David F. Sandberg com Zachary Levi, Helen Mirren, Asher Angel, Jack Dylan Grazer, Rachel Zegler, Lucy Liu, Djimon Hounson, Adam Brody, Ross Butler e Gal Gadot. ☻
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