Durante a Guerra do Afeganistão, o General John Kinley (Jake Gyllenhaal) começa a trabalhar com o intérprete afegão Ahmed (Dar Salim), com quem inicia uma relação desconfiada em serviço. É na convivência que um ganha a confiança do outro e Kinley nem imagina que depois de um ataque sua vida dependerá da obstinação de Ahmed em mantê-lo com vida. A ideia de O Pacto soa bem simples, mas cede lugar a um debate interessante na política de guerra americana durante seus anos no Afeganistão, uma vez que a grande maioria dos tradutores locais contratados para o trabalho foram deixados para trás e suas vidas, assim como de seus familiares foram colocadas em risco quando o talibã tomou novamente o poder. O filme de Guy Ritchie retrata esta situação claramente em seu último ato, apresentando nos anteriores a forma como estas pessoas colocaram em risco suas vidas pelo exército do Tio Sam e depois foram deixados à própria sorte nas mãos do inimigo. Considerados traidores e indignos, não fica difícil entender o que o destino reservou para aqueles que foram pegos. Segundo o filme 300 foram assassinados junto aos seus familiares e milhares estão escondidos até hoje com suas vidas em risco. Este contexto histórico deixa o filme ainda mais interessante, mais até do que perceber que Ritchie deixou suas firulas de lado e mostra que sabe filmar feito gente grande numa narrativa de guerra competente, que tem lá seus momentos de humor em diálogos afiados, mas que sabe como construir tensão e desenvolver seus personagens principais. Se Jake Gyllenhaal está nos altos dos créditos e não decepciona, o destaque fica por conta de Dar Salim, na pele de Ahmed que aparece desde o primeiro minuto em conflito com o trabalho que adotou para conseguir condições dignas de vida para sua família. Mais do que um pacto existente entre os dois personagens, se instaura uma gratidão entre um e outro que paira sobre tudo o que acontece no desfecho da história. Filmado de forma que a poeira parece entrar nos olhos de quem assiste, o filme apresenta um Guy Ritchie mais consciente do que colabora com a história e não apenas com a vontade de soar descolado. A cena final da represa demonstra bem como ele aprendeu a fazer cenas de ação envolventes sem precisar apelar para gracinhas na edição. Quem também aparece no filme é Antony Starr (o famigerado Capitão Pátria de The Boys) que ficou a cara do Bradley Cooper usando barba. Os fãs do gênero vão adorar.
O Pacto (The Covenant / Reino Unido - Espanha - EUA) de Guy Ritchie com Jake Gyllenhaal, Dar Salim, Emily Beecham, Jonny Lee Miller, Christian Ochoa Lavernia, Bobby Schofield, Antony Starr, Alexander Ludwig e Rhys Yates. ☻☻☻
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