Viola e sua turma: guerreiras de respeito.
Em cartaz no HBOMax após fazer sucesso nos cinemas, era esperado que A Mulher Rei caísse nas graças do Oscar e recebesse algumas indicações pelo seu misto de filme de drama e épico de ação, afinal de contas, não é todo ano que temos a oportunidade de ver uma produção estrelada por um elenco majoritariamente de mulheres negras com uma produção deste quilate. Viola Davis produziu o filme e fez questão de deixar espaço para que outras estrelas do elenco também brilhassem na telona, mas, embora aparecesse em outras premiações da temporada de ouro, o longa foi completamente esquecido pela Academia. Baseado em uma história real ambientada em 1920 no reino africano Daomé, atual Denim, o filme conta a história de Nanisca (Viola), membro da etnia Fons e responsável por treinar as guerreiras Agojie, um exército composto apenas por mulheres que defendem os interesses do Rei Ghezo (John Boyega). Apesar de serem fieis ao rei, existe um certo conflito entre Nanisca e seu líder, uma vez que ela ainda tenta convencê-lo a não vender seu povo como escravo para os europeus. O comércio escravagista também é o motivo de uma verdadeira guerra com o império Oyo, que vende seus prisioneiros de outros povos para o mercado europeu e cobiça cada vez mais a população de Daomé, as guerreiras, inclusive. Entre cenas de batalhas também conhecemos a história da jovem Nawi (a excelente Thuso Mdebo da minissérie Underground Railroad), que se recusou a casar a mando do pai e foi mandada para o treinamento das Agojie. A força da menina chama atenção de Nanisca, mas é a vibrante Izogie (uma luminosa Lashana Lynch) que se torna sua mentora. A trajetória de Nawi serve para conhecermos o treino intenso das guerreiras, mas também serve para dar ao filme toques de romance (quando seu caminho cruza com o brasileiro mestiço vivido por Jordan Bolger) e drama quando segredos de seu passado vem à tona. A diretora Gina-Prince Bythewood se esforça para manter o ritmo entre as cenas de ação empolgantes e os momentos mais intimistas da história, alcançando um resultado equilibrado que lhe valeu indicações ao BAFTA e ao Critics Choice Awards. O elenco vigoroso, ao lado da produção caprichada, prende a atenção do público e nos faz entender como a história fascinante dessas mulheres inspirou a criação das Dora Milaje do Reino de Wakanda nos quadrinhos do Pantera Negra. Atrevo dizer que o filme se tornará um clássico.
A Mulher Rei (The Woman King/EUA-2022) de Gina-Prince Bythewood com Viola Davis, Thuso Mdebo, Lashana Lynch, Sheila Atim, John Boyega, Jordan Bolger, Hero Fiennes Tiffin e Jayme Lawson. ☻☻☻☻
Nenhum comentário:
Postar um comentário