sábado, 24 de junho de 2023

Na Tela: The Flash

 
Ezra: com o passado não se brinca. 

É um tanto inevitável tecer algum parecer sobre The Flash, assim como também é inevitável perceber a sensação de que o filme chega aos cinemas na hora errada. O longa começou a ser pensado logo depois que Liga da Justiça começou a ser produzido. Desde então, já aconteceu tanta coisa que todo mundo sabe que a Warner/DC já pressionou o botão de reset nos filmes do universo da DC nos cinemas, agora com James Gunn à frente. Caso houvesse chegado aos cinemas no tempo em que lhe era cogitado, provavelmente o filme daria novo fôlego aos heróis do controverso Liga da Justiça, mas agora, o clima só aumenta a melancolia do filme dirigido por Andy Muschietti. O filme é levemente inspirado na clássica trama da histórica HQ Flashpoint, mas faz alterações para preencher de emoção o que poderia ser apenas um exercício sombrio. Na trama, o alter-ego do herói, Barry Allen (Ezra Miller), está prestes a ver o pai (Ron Livingston no papel que antes era de Billy Crudup) ir a julgamento pelo assassinato da esposa (Maribel Verdú). Desde pequeno, Barry afirma que o pai é inocente, mas a ausência de provas a favor dele só complicaram as coisas por mais de uma década. Lembrando do passado, Barry pensa que a alteração de uma pequena ida ao supermercado poderia ter evitado toda aquela situação e resolve voltar ao passado pra salvar sua mãe e, de quebra, o pai também. Sabemos que alterar o passado pode ter graves consequências e Barry acaba presenciando este efeito colateral num multiverso, onde não apenas o futuro foi alterado, mas o passado também. Assim, ele não apenas salva os seus pais, como também se depara com ele mesmo mais jovem (e um tanto bobalhão por não ter que lidar com uma tragédia em sua vida). Acontece que Barry acaba retornando para o dia em que a Terra foi ameaçada pelo General Zod (Michael Shannon), fato que estabeleceu o marco inicial da fase Zack Snyder na DC com Homem de Aço (2013). O rapaz então procura juntar a Liga da Justiça para evitar o pior, mas, acaba descobrindo que aquele mundo é bastante diferente. Só para ficar no que o trailer revela, o Batman já se aposentou (vivido novamente por Michael Keaton) e ninguém conhece o Superman. Dito isso, vale dizer que Andy Muschietti faz um bom filme com várias participações especiais e homenagens à história da DC Comics na TV e no cinema, deixando o filme com um estofo emocional mais interessante do que muita coisa que vemos por aí. A ideia do Flash salvar a mãe deixa o filme com um apelo universal, assim como sua determinação revela duas faces de uma mesma moeda no desfecho. O destaque total do filme é Ezra Miller, que teve uma fase em sua vida pessoal bastante complicada, mas aqui prova mais uma vez que é um ator bastante talentoso, capaz de dar conta de um personagem com dois perfis completamente diferentes em uma mesma cena. Só espero que o garoto coloque a cabeça no lugar e nos presenteie com muitos filmes bons no futuro. Ele é seguido de perto pela espanhola Maribel Verdú, que está ótima em cena e Michael Keaton, que reassume o manto do Batman mais uma vez (e realmente merecia mais um filme solo, mas a ideia foi cancelada depois que a bilheteria de Flash não alcançou o esperado). Cheio de surpresas o filme também é bastante beneficiado por um roteiro redondinho que sabe exatamente para onde está indo. No entanto, o maior problema da produção não são os efeitos especiais criticados, mas o período de transição em que foi lançado. 

The Flash (EUA-2023) de Andy Muschetti com Ezra Miller, Michael Keaton, Maribel Verdú, Ron Livingston, Sasha Calle, Ben Affleck, Jeremy Irons, Gal Gadot, Kiersey Clemons, Michael Shannon e Jason Momoa. ☻☻☻☻ 

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