Benício e Alicia: reencontro 26 anos depois.
Em 1997, Alicia Silverstone estava no auge após o sucesso de As Patricinhas de Berverly Hills (1995) e se aventurava como produtora em Excesso de Bagagem, filme para o qual escalou Benicio Del Toro para ser seu par. Ela acabou recebendo mais elogios do que ela e ganhando a pecha de salvar o filme, que, ainda assim, foi um fracasso de bilheteria. O sinal vermelho soou na carreira de Alicia que depois acabou se tornando cada vez mais afastada de grandes projetos no cinema. Já Benício ganhou um Oscar quatro anos depois por Traffic e outra indicação por 21 Gramas em 2004. Hoje o ator anda afastado de grandes projetos, mas não deixa de ser curioso que ao produzir Camaleões tenha convidado Alicia para fazer o papel de sua esposa. Se em 1997 a diferença de idade entre os dois chamava a atenção, hoje está longe de incomodar, principalmente porque os dois demonstram uma química que soa mais como cumplicidade no papel do casal Nichols. Ele é um policial que acaba de se mudar por conta de problemas enfrentados na cidade em que viviam. Ela é Judy, a esposa esperta capaz de ajudar o marido a perceber coisas que podem lhe escapar em uma investigação. Salvo as devidas proporções, os dois são apresentados quase como uma dupla de investigadores no filme em cartaz na Netflix. No filme, Nichols de depara com a morte de uma agente imobiliária que estava prestes a se casar com o herdeiro da firma em que trabalha. O tal herdeiro é vivido por Justin Timberlake que tenta ajudar as investigações no que for possível. Acontece que Nichols é calejado (e sua mão ferida parece estar lá para nos lembrar disso) e se por vezes o caminho das investigações parece cada vez mais fácil e óbvio, pode ser sinal de que as coisas não são o que aparentam. O diretor Grant Singer faz um filme que é a cara dos suspenses investigativos dos anos 1990, tanto que demonstra inspiração evidente nos primeiros longas de outro Fincher, o David diretor de Sev7en (1995). Embora não seja tão arrojado e radical como sua fonte de inspiração, Grant tem um trato interessante para apresentar seus personagens como seres de carne e osso, até mesmo quando coloca em cena um personagem esquisitão vivido por Michael Pitt. A narrativa se desenvolve sem pressa e consegue prender atenção pelas suas surpresas que não parecem forçadas, mas anunciadas em pequenas revelações ao longo da sessão. Nada mal para um filme de estreia. Não sei se foi impressão minha, mas aquela última cena deu ao filme o maior jeitão de personagem para um seriado estrelado por Benício e Alicia. Acho que seria uma boa ideia.
Camaleões (Reptile - EUA/2023) de Grant Fincher com Benicio Del Toro, Alicia Silverstone, Justin Timberlake, Michael Pitt, Frances Fischer e Klaus Glusman. ☻☻☻
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