sábado, 21 de outubro de 2023

PL►Y: O Clube dos Anjos

 

O Clube do Picadinho: na mira de um misterioso cozinheiro. 

Lançado em 1998, O Clube dos Anjos se tornou um dos livros mais queridos da série Plenos Pecados da Editora Objetiva. A série trazia sete livros assinados por autores renomados com tramas inspiradas nos sete pecados capitais. Embora o meu favorito para virar filme fosse Xadrez, Trucos e Outras Guerras do José Roberto Torero (a Ira), também lançado em 1998, fiquei curioso para ver o que o diretor Angelo Defanti fez em seu primeiro filme de ficção. Sabendo se sua experiência em curtas e documentários, imaginei como o cineasta os acontecimento repetitivos que perpassam o livro. Afinal, a escrita de Veríssimo consegue dar conta de manter o interesse com o mistério cheio de ironias sobre um grupo de amigos que se reúnem a tempos para comer, conversar e dizer bobagens. O grupo se conhece desde pequeno e mesmo com suas vidas seguindo caminhos diferentes, tentaram manter o contato. Obviamente que existiram picuinhas aqui, algumas tretas ali, alguns ressentimentos e um bocado de discussões. Ao longo de décadas de amizade, nada mais óbvio que existam algumas roupas a serem lavadas. Autointitulados de Clube do Picadinho, os encontros começaram a ser ameaçados quando o mais velho do grupo faleceu e deixou um clima pesaroso de fracasso sobre os demais membros do público. No entanto, quando Daniel (Otávio Müller) conhece um misterioso cozinheiro de mão cheia chamado Lucídio (Matheus Nachtergaele), o Clube renasce em nome da saborosa gastronomia. Logo estarão reunidos novamente Pedro (Marco Ricca), Samuel (Paulo Miklos), Abel (Ângelo Antônio), Tiago (André Ambujamra), João (Augusto Madureira) e o novato André (Cesar Mello), que entrou meio que por acaso no grupo para substituir o falecido - e parece o mais bem resolvido do grupo. Quem conhece o livro sabe, que logo depois do primeiro jantar, um dos membros irá falecer. Talvez seja pela emoção. Mas após um novo encontro, existe mais um falecimento. Depois tem outro... outro... outro... O Clube dos Anjos é uma história sobre a Gula, o delicioso pecado capital que parece o mais inofensivo, mas aqui se torna-se um pecado mortal. O grupo começa a se questionar se a comida está envenenada, se é tudo uma coincidência e depois se pergunta porque continua se reunindo (e comendo) sabendo do desfecho de cada encontro. Afinal, se correm risco de morrer, qual o motivo de permanecerem comendo? Os motivos para isso deixavam o leitor instigado e, de certa forma, compõe o foco de atenção do filme, embora em alguns momentos o filme escorregue ao abraçar a esquisitice com um tempero sombrio exagerado, que expressa pouco o humor refinado do livro O elenco está em boa sintonia, mas o tom de farsa adotado pelo diretor estraga um pouco o desfecho que explica as motivações de Lucídio topar cozinhar o grupo, este se torna o maior segredo do filme. O Clube dos Anjos é um filme interessante, mas é daqueles casos que eu prefiro o livro, no entanto, sugiro que veja o filme e leia o livro ou vice-versa para experimentar o sabor de cada um.

O Clube dos Anjos (Brasil/2020) de Angelo Defanti com Otavio Müller, MAtheus Nachtergaele, Paulo Miklos, Marco Ricca, Ângelo Antônio, César Mello, André Abujamra e Augusto Madureira.  

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