O clã Collins: menos divertido do que parece.
Não sei se a imprensa se confundiu, mas antes de Tim Burton começar as filmagens de Dark Shadows houve quem pensasse que seu filme pós Alice (2009) seria uma nova adaptação da Família Adams. Eu até entendo a confusão, já que há algumas semelhanças entre os dois projetos - já que ambas contam histórias de famílias com um pezinho no sinistro. A série Dark Shadows tornou-se cult ao ser exibida de meados de 1966 até o início de 1971, chamando atenção do público por inserir personagens como vampiros, lobisomens, bruxas e fantasmas em sua narrativa. Dito isso nem precisa dizer o que atraiu Tim Burton num projeto desses, pois ele se juntou a outros dois fãs da série (Johny Depp e Michelle Pfeiffer) para contar a história de Barnabas Collins (Depp) um cobiçado rapaz do século XVIII, cujo a família endinheirada é contra o seu namoro com uma bela serviçal chamada Angelique (Eva Green). Apesar de apaixonado, Barnabas prefere ouvir seus pais e terminar o caso com a empregada. Ele só não contava que ela era uma bruxa capaz de amaldiçoá-lo quando é trocada por outra. Sendo assim, Angelique elimina as pessoas que Barnabas ama e o transforma em vampiro para que sofra por toda a eternidade. Para completar sua vingança, Angelique convoca a população local para que se livre daquele ser das trevas e ele acaba enterrado vivo. Nesse início promissor, Burton exibe o melhor de sua verve criativa, de forma que a intensidade das cenas relembra os melhores momentos de Sweeney Todd (2007) num apelo romanticamente gótico e envolvente. Quando alguns escavadores descobrem por acaso o caixão em que Barnabas foi sepultado o filme parece buscar outro rumo. Torna-se mais cômico com as andanças de um vampiro que hibernou por duzentos anos e despertou em meio às ousadias da década de 1970, ainda assim ele precisa saciar sua sede de sangue antes de procurar os descendentes da família Collins. Ele ruma para a decadente mansão Collins onde encontra a atual matriarca da família, Elizabeth (Pfeiffer) ao lado da filha Carolyn (Chloë Grace Moretz brincando de ser Lolita), do irmão viúvo, Roger (Johny Lee Miller), do sobrinho assombrado pelo fantasma da mãe, David (Gulliver McGrath) que é acompanhado por um psiquiatra (Helena Bonhan Carter) e por uma babá (Bella Heathcote) recém contratada que é muito parecida com a amada falecida de Barnabas. Quando explora a presença de um vampiro em uma época diferente de sua origem o filme consegue fazer algumas gracinhas, o problema é quando precisa contar uma história e o roteiro se mostra mais frouxo do que deveria. Quando Barnabas tenta recuperar o prestígio de sua família decadente o que mais interessa são os seus encontros com a bruxa Angelique que se tornou a pessoa mais influente daquela região através dos séculos. Pena que a coisa vai se arrastando, numa mistura pouco eficiente de humor e horror, onde os coadjuvantes são muito mal desenvolvidos. O interesse de Barnabas pela babá de David não empolga e o roteiro começa a piorar tudo quando perto do final fica com uma pressa descontrolada de dar uma conclusão aos personagens (infelizmente a de Carolyn é a mais mal resolvida). Mal resolvido, Sombras da Noite entrega menos do que promete, o que chega a ser triste para um filme com visual certo e um dos elencos mais bacanas do ano em personagens que poderiam render muito mais. Mesmo assim, Depp deve ser indicado ao Globo de Ouro de ator de comédia mais uma vez.
Sombras da Noite (Dark Shadows/EUA-2012) de Tim Burton com Johny Depp, Michelle Pfeiffer, Eva Green, Helena Bonhan Carter, Jackie Earle Haley, Chloë Grace Moretz e Johny Lee Miller. ☻☻
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