Kinnear, Nicholson e Hunt: um trio que vale ouro.
James L. Brooks sempre foi chegado a uma dose cavalar de açúcar, basta assistir ao seu maior sucesso (Laços de Ternura/1983) para ver o que ele é capaz de fazer misturando comédia e drama. Seu estilo era capaz de gerar tanta força perante o público que enquanto James Cameron rompia a barreira do bilhão com Titanic, Brooks produziu uma comédia romântica que conseguiu fazer barulho no Oscar - ao ponto de levar para casa os prêmios de Melhor Ator (Jack Nicholson) e Melhor Atriz (Helen Hunt). Enquanto Jack aprimorava o personagem a que se dedicou por décadas (o sujeito desagradavelmente sedutor), Helen procurava seu lugar ao sol de Hollywood depois de anos se dedicando à TV. Depois de aparecer somente em papéis pequenos no cinema, naquele ano, ela foi capaz de surpreender ao servir de excelente parceira para um dos maiores mitos de Hollywood. No entanto, penso que seria maldade não dar crédito à outra ponta do elenco, Greg Kinnear - um bom ator que começou a carreira em séries de televisão no final da década de 1980, mas que ainda era visto com desconfiança pelos estúdios até conseguir sua indicação ao prêmio de coadjuvante por este filme. Greg interpreta o artista plástico homossexual Simon Bishop. Educado e sensível ele vive com seu cãozinho Verdell num apartamento onde o único problema é o vizinho misantropo Melvin Udall (Jack Nicholson). Não se contentando em destilar comentários maldosos para quem atravessa sua frente, Melvin ainda é capaz de jogar Verdell pela lixeira. Mas Udall é prisioneiro de suas próprias manias e acaba desenvolvendo uma espécie de dependência da garçonete Carol (Helen Hunt), que o serve todos os dias, no mesmo restaurante, no mesmo horário. Só que após um assalto à casa de Bishop seu mundo começa a mudar quando tem de tomar conta de Verdell. Não bastasse isso, Carol tem seus próprios problemas, no caso, um filho com graves problemas alérgicos e que irá comprometer suas idas no trabalho. Esses dois incidentes mostrarão que debaixo de tanta maledicência existe até um coração pulsando em algum lugar. Paralelamente a isso, Bishop tem sua carreira em crise e precisa pedir ajuda aos pais - que não via a anos desde que saiu do armário e os três partirão numa jornada onde alguma roupa suja terá que ser lavada. O texto de Mark Andrus e do próprio Brooks consegue misturar os destinos dos personagens de forma convincente, sem forçar situações ou gracinhas e por isso mesmo o filme se tornou um sucesso. O desenvolvimento dos personagens através dos acontecimentos é de forma mais que satisfatória e parece indagar o tempo todo, que tipo de relacionamento não tem seus contratempos? Seja entre namorados, pais e filhos, amigos ou apenas vizinhos, sempre existirá algo que fugirá do controle de nossas intenções - e é isso que Melvin precisa aprender. Embora James L. Brooks nem sempre dose adequadamente a quantidade de açúcar, seus atores conseguem fazer o filme encontrar o ponto de equilíbrio e mantê-lo ali até o final feliz. Apesar de todo o drama, o resultado é leve, divertido e até romântico com as bobagens que Melvin destila por aí. O resultado foi uma das comédias românticas mais bem sucedidas da década de 1990. Pena que nos últimos anos, a melhor coisa que Brooks tem feito é produzir o desenho Os Simpsons, já que seus últimos dois filmes não tinham nada de especial (Espanglês/2004 com Adam Sandler e Como Você Sabe?/2010 com Reese Witherspoon).
Melhor é Impossível (As Good as It Gets/EUA-1997) de James L. Brooks com Jack Nicholson, Helen Hunt, Greg Kinnear, Cuba Gooding Jr., Skeet Ulrich e Shirley Knight. ☻☻☻☻
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