Knightley, Sorry e Carrell: alguns sorrisos antes do apocalipse.
As pessoas devem detestar muito o nosso mundo, afinal, todos resolveram especular sobre o seu fim. Além do apocalipse ser tema religioso, o cinema vez por outra se rende ao tema (especialmente Roland Emmerich). A coisa chegou a tal ponto que a temática parou de gerar somente blockbusters e começou a motivar produções mais sérias e intimistas como Melancolia/2011 de Lars Von Trier e até comédias românticas como este Procura-se Um Amigo para o Fim do Mundo. O filme de Lorene Scafaria (do superestimado Nick & Norah/2008) é tão simpático que o final, apesar de óbvio, consegue surpreender os espectadores mais otimistas (como este que vos escreve). Como o título indica, a solidão é um tema em pauta no roteiro. Dodge (Steve Carrell) está no carro com sua esposa quando o radialista confirma o fracasso da missão espacial que evitaria que um meteoro caísse na Terra e causasse o fim do mundo. Ele parece até conformado com a situação, até que a esposa desesperada fuja em direção a um lugar que ele não sabe qual é. A partir daí, a câmera acompanha Dodge em um mundo onde as coisas perderam o sentido (especialmente para ele que trabalha com a venda de seguros de vida). Enquanto alguns contem o desespero seguindo sua rotina diária (como a empregada de Dodge que continua limpando a casa como se o fim não se aproximasse ou o guarda de trânsito que continua cumprindo suas cotas de multas e detenções), outras pessoas aproveitam o clima de isenção de consequências (seja saqueando a casa dos outros ou fazendo uma festa com funcionários e clientes numa lanchonete). No entanto, quando Dodge se aproxima de sua vizinha riponga Penny (Keira Knightley, não a via tão confortável desde Orgulho e Preconceito/2005) o filme irá se concentrar em duas pessoas que tem objetivos um tanto românticos para seus últimos dias. Não se trata de se descobrirem almas gêmeas (que é a coisa mais forçada do filme, clara interferência dos produtores no resultado final), mas Penny quer visitar seus pais antes que tudo acabe (mas não pode devido a todas as passagens de avião terem se esgotado com o apocalipse eminente) e Dodge planeja reencontrar sua paixão de juventude. Os dois se ajudam e atravessam o país com a companhia de um cãozinho abandonado pelo dono (que tinha outras prioridades diante do fim), encontram tipos estranhos vividos por um elenco confiável (William Petersen, Adam Brody, Martin Sheen, Melanie Linskey, Patton Oswald...) e compõem um filme agridoce que lembra muito aquela música do Paulinho Moska. Mantendo o equilíbrio entre o cômico o dramático, Scafaria consegue criar uma pequena pérola sobre os tempos onde o contato físico com alguém acabou se tornando cada vez mais raro. Na comovente cena final, essa proximidade ainda parece ser a única satisfação diante do fim. Além da trilha sonora, outro destaque o filme é a atuação de Carrell, que já se tornou especialista nesse tipo de composição tragicômica de personagens.
Procura-se um Amigo par o Fim do Mundo (Seeking a Friend for the End of the World/EUA-2012) de Lorene Scafaria, com Steve Carrell, Keira Knightley, Melanie Linskey, Adam Brody e Martin Sheen. ☻☻☻
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