Renner e Weisz: os mesmos ingredientes, mas sem liga.
Acho que no ano passado Hollywood aprendeu uma preciosa lição: não recomeçar franquias que deram certo. Embora O Incrível Homem Aranha tenha feito sucesso, ele não alcançou todas as maravilhas que se esperava nas bilheterias. Outro que deve ter seu recomeço revisto é a franquia Bourne. Depois dos bem sucedidos A Identidade Bourne/2002, A Supremacia Bourne/2004 e O Ultimato Bourne/2007, o estúdio resolveu dar uma repaginada na história escalando Jeremy Renner para dar conta de outro agente do projeto "Bourne". Antes de analisarmos este último rebento da série, vale a pena relembrar os filmes anteriores. Os três primeiros foram baseados na obra de Robert Ludlum, tendo no centro da trama um agente da CIA com perda de memória (Matt Damon) que foi encontrado boiando no mar Mediterrâneo. Sem conhecer sua própria identidade, o personagem conta apenas com seus instintos para o confronto físico - além do pensamento estratégico capaz de fazê-lo se livrar das situações mais mirabolantes. Após encontrar uma série de documentos que indicam que ele era um agente secreto, o desmemoriado assume a identidade presente de Jason Bourne. No entanto, enquanto procura descobrir quem é, ele precisa se livrar de um bando de assassinos que estão atrás dele. Enquanto foge ele conta com a ajuda de uma jovem alemã, Marie Kreutz (Franka Potente), que se meteu nessa encrenca quase que por acidente. Dirigido por Doug Liman, o filme conseguiu dar um passo além dos outros filmes de ação com tom mais realista e um suspense de tirar o fôlego (que influenciou filmes como Missão Impossível e 007). Outro destaque do longa foi Matt Damon, que estava com a carreira atravessando um momento perigoso depois que viveu o protagonista problemático de O Talentoso Ripley (1999) de Antony Minghella. Na pele de Jason Bourne, a carreira voltou aos eixos. Em A Supremacia Bourne, Jason tem o seu sossego abalado quando a CIA o encontra e acaba vitimando Marie. À morte dela soma-se a acusação de Bourne ter cometido um crime em uma de suas missões. Se no filme anterior sua motivação era descobrir sua identidade, aqui, o motor é o sentimento de vingança. Dois novos personagens importantes são introduzidos na história, Ward Abott (Brian Cox) que supervisionou a operação Treadstorm (que programou e treinou Bourne) e Pamela Landy (Joan Allen), agente encarregada de encontrar Jason e que acabará se tornando sua cúmplice.
Depois dos problemas com Doug Liman no primeiro filme, quem assinou a direção da continuação foi Paul Greengrass - que deixou a ação do filme ainda mais realista e sem frescuras. Os fatos do segundo episódio servem como intermédio para a última aventura nas telas: O Ultimato Bourne. Com Abott fora do seu caminho, Bourne tem como desafio desmascarar um novo programa de treinamento de super-agentes. Ciente dos perigos que o programa pode render aos cidadãos comuns, Bourne trabalha à margem do sistema para expor os envolvidos e as reais intenções do programa. O filme dialoga o tempo inteiro com os anteriores, tornando a trama ainda mais coesa de forma que até descobrimos que Bourne teve um romance com a técnica de logística Nicky Parsons (Julia Stiles, que ficou apagada durante os outros filmes) antes de perder a memória. Entre conspirações e intrigas, o filme termina semelhante à primeira cena da trilogia numa (quase) promessa de que a franquia chegava ao fim com chave de ouro. No entanto, o alarme falso serviu apenas para que mudasse o protagonista da trama. Em O Legado Bourne, o protagonista é Aaron Cross (Jeremy Renner). Através dele, descobrimos que havia outros agentes Bournes por aí. Mal ele aparece em cena, já sofre um atentado - quase paralelamente em que um médico surta e começa a matar seus colegas de laboratório. Por conta desse atentato, Cross chega até a doutora Marta Shearing (Rachel Weisz) - única sobrevivente do massacre no laboratório e que explica a Cross a origem de suas habilidades mais que especiais (envolvendo algumas misteriosas pílulas coloridas). Os ingredientes da trilogia original estão todos aqui: intrigas, conspiração, cenas de ação (a na casa de Marta é a mais espetacular) e um ator de respeito (cortesia de Edward Norton) no encalço do protagonista - que passa a ser perseguido como um bandido. No entanto, por mais que o filme se esforce em traçar paralelos com os filmes protagonizados por Matt Damon (que aparece apenas em fotografias) o resultado é bem menos empolgante. Talvez por conta do roteiro confuso (mais alguém teve a impressão que o filme termina antes da hora?) e a direção de Tony Gilroy. Gilroy pode ter conseguido condensar a trama de Robert Ludlum nos filmes anteriores, mas tendo que criar uma continuação por conta própria o resultado não alcança todas as suas ambições - sem contar que como o diretor ele não é metade do que foi Paul Greengrass para a narrativa das aventuras anteriores. O resultado parece mais uma paródia da trilogia Bourne - com a desvantagem de ter custado muito mais do que qualquer episódio anterior (gerando uma bilheteria decepcionante).
A Identidade Bourne (EUA/Alemanha-2002) de Doug Liman com Matt Damon, Franka Potente, Chris Cooper, Julia Stiles, Brian Cox, Gabriel Mann e Clive Owen. ☻☻☻
A Supremacia Bourne (EUA/Alemanha-2004) de Paul Greengrass com Matt Damon, Franka Potente, Brian Cox, Julia Stiles, Gabriel Mann, Joan Allen e Karl Urban. ☻☻☻☻
O Ultimato Bourne (EUA/Alemanha-2007) de Paul Greengrass com Matt Damon, Joan Allen, Julia Stiles, David Strathairn, Scott Glenn, Albert Finney, Daniel Brühl e Paddy Considine. ☻☻☻☻
O Legado Bourne (EUA-2012) de Tony Gilroy com Jeremy Renner, Rachel Weisz, Edward Norton, Scott Glenn, Corey Stoll, Oscar Isaac e Joan Allen. ☻☻
Damon: o papel certo no momento exato.
Depois dos problemas com Doug Liman no primeiro filme, quem assinou a direção da continuação foi Paul Greengrass - que deixou a ação do filme ainda mais realista e sem frescuras. Os fatos do segundo episódio servem como intermédio para a última aventura nas telas: O Ultimato Bourne. Com Abott fora do seu caminho, Bourne tem como desafio desmascarar um novo programa de treinamento de super-agentes. Ciente dos perigos que o programa pode render aos cidadãos comuns, Bourne trabalha à margem do sistema para expor os envolvidos e as reais intenções do programa. O filme dialoga o tempo inteiro com os anteriores, tornando a trama ainda mais coesa de forma que até descobrimos que Bourne teve um romance com a técnica de logística Nicky Parsons (Julia Stiles, que ficou apagada durante os outros filmes) antes de perder a memória. Entre conspirações e intrigas, o filme termina semelhante à primeira cena da trilogia numa (quase) promessa de que a franquia chegava ao fim com chave de ouro. No entanto, o alarme falso serviu apenas para que mudasse o protagonista da trama. Em O Legado Bourne, o protagonista é Aaron Cross (Jeremy Renner). Através dele, descobrimos que havia outros agentes Bournes por aí. Mal ele aparece em cena, já sofre um atentado - quase paralelamente em que um médico surta e começa a matar seus colegas de laboratório. Por conta desse atentato, Cross chega até a doutora Marta Shearing (Rachel Weisz) - única sobrevivente do massacre no laboratório e que explica a Cross a origem de suas habilidades mais que especiais (envolvendo algumas misteriosas pílulas coloridas). Os ingredientes da trilogia original estão todos aqui: intrigas, conspiração, cenas de ação (a na casa de Marta é a mais espetacular) e um ator de respeito (cortesia de Edward Norton) no encalço do protagonista - que passa a ser perseguido como um bandido. No entanto, por mais que o filme se esforce em traçar paralelos com os filmes protagonizados por Matt Damon (que aparece apenas em fotografias) o resultado é bem menos empolgante. Talvez por conta do roteiro confuso (mais alguém teve a impressão que o filme termina antes da hora?) e a direção de Tony Gilroy. Gilroy pode ter conseguido condensar a trama de Robert Ludlum nos filmes anteriores, mas tendo que criar uma continuação por conta própria o resultado não alcança todas as suas ambições - sem contar que como o diretor ele não é metade do que foi Paul Greengrass para a narrativa das aventuras anteriores. O resultado parece mais uma paródia da trilogia Bourne - com a desvantagem de ter custado muito mais do que qualquer episódio anterior (gerando uma bilheteria decepcionante).
A Identidade Bourne (EUA/Alemanha-2002) de Doug Liman com Matt Damon, Franka Potente, Chris Cooper, Julia Stiles, Brian Cox, Gabriel Mann e Clive Owen. ☻☻☻
A Supremacia Bourne (EUA/Alemanha-2004) de Paul Greengrass com Matt Damon, Franka Potente, Brian Cox, Julia Stiles, Gabriel Mann, Joan Allen e Karl Urban. ☻☻☻☻
O Ultimato Bourne (EUA/Alemanha-2007) de Paul Greengrass com Matt Damon, Joan Allen, Julia Stiles, David Strathairn, Scott Glenn, Albert Finney, Daniel Brühl e Paddy Considine. ☻☻☻☻
O Legado Bourne (EUA-2012) de Tony Gilroy com Jeremy Renner, Rachel Weisz, Edward Norton, Scott Glenn, Corey Stoll, Oscar Isaac e Joan Allen. ☻☻
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