Wilson, Vaughn (ao centro) e a equipe: googlando um estágio.
Não faz muito tempo, filmes relacionados à crise econômica americana eram quase proibidos. Afinal, os anti-imperialistas diriam, que "não colaboram para a massificação do pensamento de que a Terra do Tio Sam é o paraíso que gosta de vender". Nos últimos tempos, filmes com temáticas relacionadas com a crise são comuns, alguns ganham até Oscar (Trabalho Interno/2010) ou são indicados (Margin Call/2010 e Amor Sem Escalas/2009). Outro filme que se relaciona, ainda que brandamente com a crise americana é Os Estagiários, que lança um olhar curioso sobre o impacto da tecnologia no universo do trabalho. Embora a intenção seja criar uma comédia inofensiva, o filme não tem pudores em expressar como o produtivo universo da tecnologia gera uma competitividade sem tamanho numa economia com sinais de saturação, seja com jovens que mal chegaram aos vinte anos (desesperados por bom emprego e estabilidade) ou por dois homens mais velhos que se submetem a ser estagiários na esperança de trabalharem numa área que não dominam. Esses dois homens são Billy McMahon (Vince Vaughn) e Nick Campbell (Owen Wilson), dois amigos que trabalham no ramo de venda de relógios, mas que não perceberam que o negócio estava minguando - afinal, conforme diz o chefe vivido por John Goodman: "Ninguém mais usa relógio, todos veem a hora no celular". Diante disso, tentam seguir suas vidas, até que Billy tem a brilhante ideia de se inscrever num programa de contratação de estagiários da Google. Embora a empresa seja apresentada em toda pompa de seu incentivo à "liberdade criativa", precisa-se dizer que os dois amigos não fazem a mínima ideia do que é um Ctrl+Alt+Del? Imagine isso numa jornada de tarefas onde os sujeitos se juntam ao grupo de excluídos pelos demais concorrentes - além de Vaughn e Wilson vivendo seus personagens de sempre - e você terá uma ideia do filme. O filme de Shawn Levy faz o favor de não explicar a parte mais técnica do trabalho na Google, mas deixa claro que seus protagonistas precisam estudar um bocado - por mais que Billy tente dar uma de malandro sobre a concorrência. Como todo filme de uma piada, o filme lida com o risco de concentrar-se na inabilidade dos personagens com o mundo tecnológico e suas atitudes toscas diante da seleção a que se submeteram - e por mais que o roteiro invista em situações repletas de nerdice (o jogo de quadribol ou a jornada pelo inferninho com os colegas mais jovens), elas nunca parecem aproveitadas como deveriam, pelo contrário, concentram-se nas obviedades. Por conta disso, o filme soa repetitivo antes de sua primeira hora, dependendo da disposição do espectador em acompanhar as desventuras e o carisma de seu elenco. A melhor cena do filme fica por conta do encontro romântico impagável de Wilson com a personagem de Rose Byrne, divertido e original na sua ideia surreal de fazer tudo dar erradamente certo. Com final feliz e tudo mais, Os Estagiários é o típico filme feito para rir, ainda que (lá no fundo) tenha uma bem sacada crônica sobre o cruzamento entre a tecnologia vista como redenção no mundo do trabalho escasso.
Os Estagiários (The Internship/EUA-2013) de Shawn Levy com Owen Wilson, Vince Vaughn, Rose Byrne, Aasif Mandiv, Max Minghella, Josh Brenner e Dylan O'Brien. ☻☻
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