Merad: Quem conhece Martin Kazinski?
Martin Kazinski (Kad Merad) é um homem comum que trabalha numa empresa de reciclagem de computadores, mas um dia, ao ir para o trabalho, sua vida muda drasticamente quando uma multidão repete o seu nome lhe apontando celulares como se fosse uma celebridade - suspeita que se confirma quando começam a pedir autógrafos para ele. Kasinski não consegue compreender o que pode ter feito para ser perseguido daquele jeito, cultuado sem motivo aparente. Esse é o ponto de partida do diretor Xavier Gianolli (a partir do livro de Serge Joncour) para abordar o culto à celebridades abordando um mundo obcecado pela imagem. A saga de Kazinski cresce num suspense onde a fama é um fardo que parece crescer cada vez mais. É importante ressaltar que as únicas pistas que temos sobre o protagonista é que ele sempre foi avesso a tornar-se famoso. Por isso, Superstar é a história de uma maldição. Martin será auxiliado pela jornalista Fleur Arnaud (Cécile de France) a lidar com a fama repentina e na busca por respostas que nunca parecem satisfatórias. Afinal, sua participação desastrosa num programa de televisão quase faz o entrevistador perder o emprego por chamá-lo de "uma pessoa banal" e mesmo que sempre pergunte "por que" tornou-se famoso, o "por que" torna-se um bordão irritante que transforma sua legião de fãs em papagaios. O roteiro de Gianolli tem várias camadas, todas elas interessantíssimas, afinal, mescla o culto à fama efêmera de celebridades criadas apenas pela exposição da imagem, como a fama transmite a impressão de uma afetividade que pode nem existir de verdade, a luta de egos entre os famosos, o culto da "privacidade pública", a exposição misturada com voyeurismo e a capacidade que a mídia tem de construir ídolos e destruí-los dias depois. Embora alguns critiquem o filme pela forma como aborda o culto às celebridades, o filme consegue ser uma alegoria bem interessante. Martin Kazinski não é um artista, não é um representante de qualquer organização civil, não parece um galã, trata-se de um homem comum, e por isso mesmo, serve de espelho para que muitos se identifiquem com sua imagem. Gianolli começa com uma ideia que já apareceu em seus traços cômicos em Para Roma com Amor/2012, mas aprofunda a experiência da plateia no que ela pode ter de suspense e melancolia. No fim das contas, nem Kazinski parece lembrar muito bem o que é, tornando-se apenas uma paródia célebre de si mesmo, sem muito a dizer, inclusive sobre si.
Superstar (França-2012) de Xavier Gianolli com Kad Merad, Cécile de France e Alberto Sorbelli. ☻☻☻☻
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