Gwyneth e Mark: cada um com seus vícios.
Terapia do Sexo está longe de ser um filme ruim - e ajuda muito se você esquecer o título apelativo em português (o original Thanks for Sharing, ou Obrigado por Compatilhar não é sonoro em nossa língua, mas faria mais sentido). O filme conta a história de um grupo de personagens que fazem parte de uma terapia para viciados em sexo. O grupo coordenado pelo conselheiro Mike (Tim Robbins) é frequentado por Adam (Mark Ruffalo), Neil (Josh Gad), Dede (a cantora Pink, convincente - especialmente em sua primeira cena) entre outros. Adam completa cinco anos de abstinência (conquistado a duras penas sem acesso a televisão, notebooks desbloqueados e celulares modernos) quando conhece a triatleta Phoebe (Gwyneth Paltrow numa festa). Como você já sabe como esse tipo de encontro de astros funciona na tela, os dois irão engatar um namoro, mas ela teve problemas com o ex-namorado alcoólatra e ele fica com receio de contar seu histórico para ela. Paralelo a isso o gordinho Neil foi condenado a frequentar o grupo por assediar mulheres no metrô, como ele não leva a terapia a sério, ele acabará sofrendo outras consequências em sua vida - mas quando ele se torna amigo de Dede, as coisas parecem seguir um caminho mais tranquilo. Mesmo o sereno Mike não está imune às consequências de seu vício. Seu relacionamento com o filho (Patrick Fugit), que já foi preso em decorrência do uso de drogas, é complicado - enquanto a esposa (Joely Richardson) tenta reaproximar os dois o filme se desenvolve sem grandes tropeços. O filme do diretor estreante Stuart Blumberg (indicado ao Oscar pelo roteiro de Minhas Mães e Meu Pai/2010) faz questão de humanizar seus personagens, nem que para isso todos pareçam simpáticos demais. A estratégia funciona para desconstruir os preconceitos da plateia acerca do tema, expandindo a abordagem da temática para os vícios em geral (mesmo a saudável Phoebe é visivelmente uma vigoréxica), sempre com uma abordagem serena e não apelativa sobre os temas que procura abordar. O problema está justamente no desequilíbrio de sua última parte. Com a crise no relacionamento de Phoebe e Adam (apresentada de forma um tanto forçada e abrupta), todos os personagens parecem obrigados a cair em tentação mais uma vez. O que poderia gerar suspense e enriquecer ainda mais a temática, acaba revelando uma abordagem um tanto esquemática do tema, além de fazer o filme desafinar quando está bem próximo do fim. A cena em que Adam se encontra com uma ex-namorada tem alguns closes pontos desnecessários que não combina com a abordagem adotada por Blumberg ao longo do filme. Obviamente que o lado sombrio dos vícios precisava de espaço, no entanto, o diretor deveria ter evitado tornar tudo tão agradável em sua primeira metade para evitar o desequilíbrio narrativo logo a seguir. Talvez o filme nem precisasse desse desvio para ser relevante, ele já funcionava bem até então, tanto que depois de abordar o "lado obscuro do tema", o filme volta ao seu estado natural como se nada houvesse acontecido. No fim das contas, destaco a atuação de Josh Gad como Neil, um personagem que começa desagradável e que demonstra amadurecer ao longo da trama e torna-se responsável pelos momentos mais engraçados. Stuart Blumberg demonstra novamente ser um bom roteirista, mas ainda precisa amadurecer como diretor.
Terapia do Sexo (Thanks for Sharing/EUA-2013) de Stuart Blumberg com Mark Ruffalo, Tim Robbins, Gwyneth Paltrow, Josh Gad, Joely Richardson, Patrick Fugit e Pink ☻☻☻
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