Douglas: não por acaso, encontra um palhaço de brinquedo.
David Fincher estava com tudo quando estava para lançar The Game. Afinal, depois do sucesso de Se7en (1995) - que passou a ser ainda mais valorizada com o passar dos anos -, o diretor foi reconhecido cineasta e não mais como diretor de clipes. O passado de sua estreia cinematográfica com o criticado Alien³ (1992) também ficou para trás e o seu futuro era muito promissor. No entanto, Vidas em Jogo começou a dar problemas antes de seu lançamento, quando (ninguém sabe exatamente o motivo), os agentes de Michael Douglas encrencaram com Jodie Foster ser a irmã do protagonista interpretado por ele. Apesar da saia justa, os produtores acabaram mudando o sexo do personagem e ele acabou interpretado por Sean Penn. Durante as filmagens, o detalhismo de Fincher também começou a aborrecer produtores e elenco, já que o diretor tem fama de repetir a mesma cena até setenta vezes (!!!) para escolher a que considera a mais adequada. Depois de atrasos na filmagem, o problema foi o corte final, já que o consenso foi demorado. Quando chegou às telas o filme foi elogiado por sua plasticidade, mas sofreu críticas por sua história vazia e final constrangedor. Curioso é que o final de Se7en foi crucial para o seu sucesso surpreendente, além de estabelecê-lo como um marco no gênero (sendo copiado infinitamente desde então), mas aqui o diretor perdeu a chance de fazer o mesmo. A história gira em torno do banqueiro milionário prepotente Nicholas Van Orton (Michael Douglas), solitário, ele está prestes a completar 48 anos e seu irmão resolve lhe dar um presente diferente. Esse é o ponto de partida para que Orton se envolva num jogo de situações cada vez mais perigosas, que colocam a sua vida em risco constante. Esse fiapo de história serve para gerar cenas mirabolantes de ação com efeitos especiais bem utilizados, mas que não conseguem disfarçar que o filme não tem nada a dizer, ou melhor, você tem que ser muito gentil se acha que merece ver Nicholas Von Orton ter suas contas bancárias violadas, a casa destruída, ser quase assassinado várias vezes e beirar o suicídio porque, simplesmente, estava se tornando um idiota. O pior é que não é nem a sucessão de cenas bem filmadas e mirabolantes que atrapalham o filme, mas o que faz o suspense de Vidas em Jogo tornar-se uma tragédia é justamente o seu final, que deveria trazer alguma novidade, algum sentido a tudo aquilo e simplesmente joga tudo no lixo. Sempre que vejo o filme tenho pena de Fincher pelo esmero na direção de um filme que destrói a si mesmo no último ato mais cretino de sua cinematografia.
Vidas em Jogo (The Game/EUA-1997) de David Fincher com Michael Douglas, Sean Penn, Deborah Kara Unger, James Rebhorn e Peter Donat. ☻☻
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